Matador de bicheiro vai a júri

Passados três anos e três meses do assassinato do bicheiro Almir José Hladkyi Solarewicz, 44 anos, o juiz Antônio Carlos Ribeiro Martins, da 5.ª Vara Criminal de Curitiba, pronunciou o único acusado do crime que está preso. Otaviano Sérgio Carvalho Macedo, 46, o ?Serginho?, está recolhido no Centro de Observação e Triagem (COT), ao lado da Prisão Provisória de Curitiba, no Ahu, e será levado a júri popular no Tribunal do Júri de Curitiba, em data ainda a ser marcada.

Após longas considerações, o magistrado aceitou a denúncia feita pelo Ministério Público, pronunciou o acusado e recomendou que ?Serginho? permaneça preso onde já se encontra, uma vez que agora é acusado de crime de homicídio qualificado.

Ainda de acordo com o juíz, ?Serginho? já fugiu para o exterior, passou um ano nos Estados Unidos, após ter sido apontado como um dos autores da morte de Almir e não tem bons antecedentes criminais, o que reforça a necessidade de que fique na prisão até o julgamento. Por outro lado, testemunhas arroladas ao longo do processo temem sofrer represálias do acusado, caso ele venha a ser solto.

?Serginho? sempre negou qualquer envolvimento no assassinato de Almir. Disse várias vezes que conheceu o bicheiro ?de vista? e que estava em casa, na companhia da esposa e dos filhos, quando o crime aconteceu. Ele responde a outros inquéritos e é suspeito em pelo menos mais dois crimes de morte, um ocorrido em 1992, quando foi assassinado o vigia de uma agência de turismo, e outro em 1994, quando a vítima foi o policial civil Antônio Roberto Spósito. Estas duas mortes teriam ligações.

Outro inquérito

Além de ?Serginho? existem outras pessoas acusadas de participação na morte de Almir. Seus nomes aparecem em um segundo inquérito policial, instaurado mais recentemente pelo delegado Gerson Machado, então titular do 6.º Distrito Policial. Machado ?tropeçou? na morte do bicheiro em junho de 2002, ao investigar um caso de fornecimento de notas fiscais ?frias?. A viúva de Almir, Ivana Vasconelos Innocêncio, 39, foi ouvida neste inquérito e decidiu cooperar com a polícia, fazendo muitas revelações. Ela contou os motivos do crime e informou detalhes das operações comandadas pelo marido, canalizando suas acusações para Francisco Feitosa e Fúlvio Martins, dois ?capos? do jogo do bicho no Paraná, apontando-os como mandantes do crime.

Ainda neste segundo inquérito, as investigações indicaram que os dois outros envolvidos diretamente na morte de seriam Gláucio Cerqueira Muneron e o ex-policial militar Manfredo Flores Mondragon. O autor do plano de execução seria Ricardo Cavalcanti de Andrade Lima. Todos teriam agido por ordem dos líderes da ?cooperativa dos bicheiros? Feitosa e Fulvio -, entidade criada pelo próprio Almir para fortalecer a categoria e regularizar o suposto pagamento de propina a policiais e outras autoridades. No ano em que foi morto, Almir tinha se desligado da cooperativa para investir no ramo dos caça-níqueis e trabalhava, junto com um advogado argentino, na possibilidade de legalizar o jogo do bicho.

Foragidos

Quanto aos demais suspeitos do crime, pouco se sabe. Mondragon está solto – cumpriu pena de 1995 a 2000 – e foi excluído da Polícia Militar a bem do serviço público. Ele estaria ainda trabalhando como segurança de Feitosa e também nega participação no assassinato. De Ricardo Lima não se tem notícia, assim como de Gláucio Cerqueira. Já Feitosa e Fúlvio reclamam toda vez que têm os nomes relacionados com o assassinato e através de seus advogados alegam inocência, afirmando serem vítimas de acusações infundadas.

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