Marido acusa Rosana Grein de armar atentado

Pela primeira vez, 30 dias após sofrer o atentado que por pouco não lhe tirou a vida, o apresentador do Canal 21, Nilton Sérgio Saciotti, 45 anos, falou ontem sobre o episódio. Sua mulher, Rosana Grein, 27, é acusada de ser a mandante do crime e os dois autores, um menor – 16 anos – e Claudiomir da Silva, conhecido como “Jorge Tadeu”, confessaram o delito, cuja reconstituição detalhada foi feita na tarde de anteontem.

Nilton falou sobre o atentado em entrevista coletiva, na tarde de ontem, na Delegacia de São José dos Pinhais. “Nada que vi nos jornais foi surpresa para mim. No sábado, quando o menor foi apreendido eu conversei com ele, que me contou tudo”, salientou a vítima. Ele disse que a reconstituição foi perfeita e elogiou o trabalho da polícia. “O que me causou indignação foi que o adolescente contava o que tinha acontecido como se fosse uma história. Isto por causa da lei brasileira. Ele me deu quatro tiros e sabe que irá ficar impune”, criticou. “Agüentei risadas. Ele contou tudo rindo, mas acho que não era de mim, mas da Justiça brasileira, dos legisladores”, acrescentou.

Tiros

O apresentador levou quatro tiros na cabeça, ficou internado 12 dias no Hospital Cajuru e emagreceu 70 quilos. Ele afirma que não escuta muito bem com o ouvido esquerdo, mas que os médicos revelaram que ainda é cedo para dizer se o problema será permanente. “Deus me fez um milagre. Me deixou vivo”, comemorou.

Ele contou que ontem Rosana viu o filho de 5 anos, pela primeira vez após o crime, com permissão dele. “Fiz isto por causa do meu filho. Ele precisava ver a mãe. Apesar de tudo ela continua sendo a mãe dele”, afirmou, dizendo que após o atentado mudou-se com o garotinho para um apartamento com segurança. Quanto à possibilidade de reconciliação com a mulher, ele resumiu: “O futuro a Deus pertence. Não posso dizer que sim nem não?.

Investigações

Nilton confessou que quando Rosana foi presa por policiais da Delegacia de Furtos e Roubos de Veículos, dentro do Hospital Cajuru, no dia 20 de fevereiro, ficou surpreso, mas hoje não tem dúvidas da participação da mulher. “Acompanhei todo o inquérito querendo não acreditar no fato. Mas infelizmente, não tive alternativa”. Sobre os motivos do atentado, ele prefere não fazer acusações. “Isto só ela pode falar. O que tenho são suposições”, afirmou.

Rosana teve traumas familiares quando criança, de acordo com a declaração do marido, mas ele não acreditava que ela pudesse chegar ao extremo. “Tínhamos 7 anos de casados e o casamento não estava as mil maravilhas. Ela sabia que tinha problemas psicológicos e que poderia perder a guarda de nosso filho”, frisou.

Nilton ressaltou que a história contada pelo menor de que a sua morte estaria encomendada para ocorrer dois dias antes é verdadeira. “Ele realmente esteve na porta da minha casa e fui muito rude na ocasião”.

Rosana

O apresentador comentou que o que chamou a atenção da polícia na investigação foi o número excessivo de disparos, encostados na cabeça e sem esboçar reação. Já a suspeita do envolvimento de Rosana surgiu porque ela não se feriu e estava muito mais nervosa do que o apresentador. “Eu orientei, ajudei. Sei que nesta hora não se deve reagir. Não imaginei que ele iria me matar”. Nilton lembra que em nenhum momento após os disparos ficou inconsciente. “Eu senti quando alguém colocou a mão no meu pescoço para sentir a pulsação. Só não posso dizer quem era”, relatou. Segundo ele, durante o percurso do seqüestro simulado, teve várias oportunidades de escapar, só não tentou para preservar a vida da mulher. “Eu tinha medo que fizessem algo com ela. Me fiz de morto pensando nela”, lamentou.

Nilton contou que teve um desentendimento com a mulher no sábado, porque Rosana teria induzido o filho de 5 anos a omitir coisas dele. Mas na terça-feira, tudo tinha voltado ao normal. Outro fato é que a mulher era responsável pela área comercial do programa apresentado pelo casal, o que estava gerando desentendimentos. “Ela tinha todas as condições de me deixar sair sozinho com a camioneta e não o fez. Uma amiga dela queria que ela fosse ver uma casa. Se a Rosana tivesse ido, eles iriam me matar e ninguém ia desconfiar dela”, comentou.

Pedida nova prisão para Rosana

O delegado Osmar Antônio Dechiche, de São José dos Pinhais, aguarda que a Justiça aceite seu pedido e decrete a prisão preventiva de Rosana Grein, 27 anos, acusada de mandar matar o marido, Nilton Sérgio Saciotti, 45, no último dia 17 de fevereiro. “Ainda não obtivemos uma resposta. Vamos aguardar”, salientou o policial, que é responsável pelas investigações.

O pedido do delegado à Justiça indignou o advogado Elias Mattar Assad, que deixou de defender Rosana Grein, mas afirma que o “habeas corpus” impetrado no Tribunal de Justiça, garante o direito à liberdade de sua ex-cliente e por este motivo à Justiça não pode decretar a prisão. Ontem, ele enviou à imprensa, cópia da petição que protocolou no Tribunal. Ele assegura que após Rosana ser colocada em liberdade, levou-a até a delegacia para ser ouvida e o delegado alegou que não precisava, já que não tinha qualquer fato novo. “É claro que não quis ouvi-la. Ela não tinha nada para me contar”, explicou Dechiche.

O delegado comentou que Rosana foi colocada em liberdade porque o Tribunal entendeu que a competência para julgar o caso é da Comarca de São José dos Pinhais e a prisão havia sido decretada pelo juízo da Central de Inquéritos, em Curitiba, a pedido da Delegacia de Furtos e Roubos de Veículos. “É um direito elementar pedir para prender e o advogado pedir para não fazê-lo”, salientou, informando que é necessário que Rosana esteja presa para efetuar outras diligências. A mulher está internada em um hospital psiquiátrico há mais de uma semana e alega inocência.

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