Mancha de sangue aumenta dúvida sobre confissão

Uma roupa com manchas, supostamente de sangue, aumentou as dúvidas contra a versão de Altamir José Rodrigues, 33 anos, sobre os assassinatos de Karina Colimo, 10, e da madrasta dela, Lucinéia Luiza de Almeida, 27, em 16 de abril, na chácara onde moravam, em Bocaiuva do Sul. Segundo a polícia, o pijama da menina, estava no quarto, onde manchas de sangue estão sendo periciadas. De acordo com o delegado Homero Vieira Neto, vários indícios apontam a participação de outra pessoa no crime confessado por Altamir.

“O pijama e as manchas encontradas no quarto demonstram que a menina estava na casa quando foi morta e não chegando da escola como Altamir afirma”, disse Homero. “Nenhuma das roupas sujas de sangue era uniforme escolar”. Mesmo com o parecer do médico-legista Carlos Alberto Peixoto Baptista, descartando violência sexual contra a menina, Homero acredita que ele tenha violentado as duas. “Contra a madrasta está mais evidente, porque ele amarrou suas mãos dela a amordaçou e tirou a roupa da mulher”.

Transporte

Outra contradição na versão de Altamir é com relação ao transporte do corpo de Karina. “Ele diz que a levou de motocicleta pela estrada. Mas ela estava com o pescoço perfurado, teria feito um rastro de sangue, que não foi encontrado”, comentou o delegado. “Os únicos pontos que batem na versão dele são os locais onde os corpos foram jogados, o resto está sob suspeita”.

O corpo de Lucinéia foi encontrado seminu, em 23 de abril, dentro de um saco preto próximo a um rio, nos fundos da propriedade. Karina foi achada dois dias depois, num matagal, no alto de uma colina. Laudos comprovam que a mulher morreu por asfixia mecânica, e a menina, com um corte profundo no pescoço.

Contratado

Altamir havia sido contratado um mês antes, para roçar a propriedade. Ele era foragido da Colônia Penal Agrícola, onde cumpria pena por roubo e era investigado por homicídio. Foi recapturado cerca de 20 dias após o duplo homicídio. Alegou que matou Lucinéia após uma discussão, e a menina, porque teria testemunhado tudo, quando chegava da escola.

Comparsa

A hipótese do segundo envolvido foi levantada por conta dos desencontros no depoimento de Altamir. “Ele não explica direito como atacou as duas, nem o transporte dos corpos. Como levaria uma menina, de 55 quilos morro acima, se ele tem problemas nas costas. A história da motocicleta não bate”, reclamou Homero.

No último dia 18, quando aconteceu a reconstituição do crime, a calça e a calcinha de Lucinéia foram encontradas perto do rio. Depois deste dia, Altamir, que está preso no Centro de Triagem II em Piraquara, foi interrogado mais uma vez na delegacia. Para Homero, novos depoimentos serão necessários.

Descarte

Ele descartou qualquer envolvimento de Marcos Sain Clair Colimo, 51, pai de Karina e marido de Lucinéia, no crime. “Ele estava em outro local naquele dia”. O delegado acredita que existam algumas pessoas querem incriminar Marcos e estão tentando fazer o trabalho da polícia.