Maria Marciana de Souza Braz, 36 anos, perdeu o filho em um acidente doméstico e passou 18 dias na cadeia, acusada de matá-lo. Ela foi chamada de assassina pelos vizinhos e aguardou mais de um ano por uma decisão da Justiça. Há duas semanas, sua absolvição foi publicada no Diário do Tribunal de Justiça do Paraná.

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Jhonatan de Souza do Alto, 17 anos, passou a tarde e a noite de 7 de abril do ano passado bebendo com amigos. Um professor da escola em que o garoto estudava percebeu que ele foi à aula bêbado e chamou Marciana para buscá-lo. Em depoimento, ela afirmou que bateu no garoto e ele, tentando fugir do “corretivo”, correu pelo quintal de casa. O adolescente tentou pular o portão, mas escorregou, bateu o queixo em uma das barras de ferro e caiu. Marciana o atendeu, colocou-o para dormir e, horas depois, percebeu que Jhonatan estava morto.

Pau

A Delegacia de Homicídios optou por prendê-la, depois de recolher um pedaço de madeira dentro da casa, que suspeitava-se ter sido usado no “corretivo”. O delegado Maurílio Alves, na época, afirmou que o laudo de necropsia encontrou marcas de mordidas e pancadas no corpo do rapaz. A denúncia contra Maria dizia que ela bateu no garoto com o pedaço de madeira até causar a morte do filho, e que ela deu banho no menino para “induzir a erro o juízo”, alegando que ela alterou a cena do crime para dizer que a vítima morreu dormindo.

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Conclusão

Na sentença, o juiz Daniel Ribeiro Surdi de Avelar concluiu que a morte foi causada por “culpa exclusiva da vítima”. As marcas de violência apontadas pelo delegado não foram citadas pelo médico-legista. Nas audiências, ele declarou que a morte de Jhonatan foi causada porque o trauma que o garoto teve no pescoço, quando bateu o queixo no portão de casa, causou hemorragia interna.

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A perícia comprovou que os ferimentos que o menino tinha não eram compatíveis com o pedaço de madeira apreendido. Nove testemunhas foram ouvidas e nenhuma delas relatou presenciar qualquer agressão de Maria a seu filho.

Troca de cadáveres

Como Maria Marciana foi presa logo depois do crime, o padrasto do garoto, com quem ela e Jhonatan viviam há cinco anos, desde que vieram de São Carlos (SP), foi responsável por reconhecer o corpo do rapaz no Instituto Médico-Legal. Ele e a tia do adolescente reconheceram o cadáver de outro jovem o que provocou troca de corpos. O erro só foi percebido pela família durante o velório, em São Paulo. Demorou quase uma semana para que a troca fosse desfeita.