Loira fatal manda matar o amante

Uma verdadeira “loira fatal”, envolvida em dois homicídios – o do amante e o do marido – caiu nas mãos da polícia na última sexta-feira à noite, em Pontal do Paraná. A trama armada com frieza por Elenir Voltolin Papker, de 37 anos, para matar o amante – o empresário Neri Pereira, 61 -, veio à tona com a prisão dela e posterior confissão do crime. Com o depoimento, ficou evidenciado também o envolvimento de Elenir na morte do próprio marido, assassinado há cinco meses em São José dos Pinhais.

Neri estava desaparecido desde a quinta-feira, dia 23. Após a confissão da amante, o corpo dele foi encontrado totalmente carbonizado, dentro do carro, no local conhecido como Barranco Branco, ao lado do Rio Guaraguaçu. O ponto da desova fica à margem da PR-407, que liga Paranaguá a Pontal do Paraná, e é o mesmo recanto onde o casal costumava manter encontros amorosos.

Frieza

Elenir tinha tramado o assassinato com frieza de detalhes. Ela marcou um encontro com Neri naquele local, na quinta à noite – supostamente para se reconciliarem, pois estavam separados desde o início da semana e brigavam porque ela exigia que o empresário passasse imóveis para o nome dela. Neri foi pego de surpresa. A perícia no carro apurou que os bancos dianteiros estavam reclinados, indicando que Neri e Elenir estavam mantendo relação sexual quando os comparsas dela surpreenderam a vítima, que foi morta com um tiro.

Depois, os criminosos atearam fogo ao veículo, com o corpo de Neri caído sobre o volante. Para isso, usaram um galão com vinte litros de gasolina que o empresário carregava costumeiramente no porta-malas. “Elenir sabia da existência da gasolina, porque Neri era dono de uma oficina e os postos aqui no litoral fecham às 22h. Ela planejou todos os detalhes”, relatou o investigador Taíco.

Neri Pereira era bastante conhecido na região. Ele morava em Praia de Leste e era proprietário da Oficina São Cristóvão, um estabelecimento de grande porte.

Álibis

O delegado Sebastião Ramos Santos Neto, de Pontal do Paraná, chefiou as investigações. Segundo o investigador Taíco, quando Elenir foi presa, o que chamou a atenção dos policiais foi a quantidade de álibis que ela tinha para justificar onde estaria no horário do crime. “Elenir foi levada direto do local do assassinato para a casa dela por um dos comparsas, conhecido como Jorge. Assim que chegou em casa, ela começou a visitar uma porção de vizinhos, para construir o álibi. E também se mostrou muito fria quando contamos a ela que o amante tinha sido morto”, disse Taíco. “Tudo isso levantou suspeita, além do fato de que ela tinha registrado uma queixa contra Neri na delegacia, por ameaça, e queria a todo custo que ele passasse imóveis dele para o nome dela”, acrescentou. Quando foi presa, a mulher negou envolvimento no crime, mas com as evidências apresentadas pelos policiais acabou confessando.

Outra vítima

Neri e Elenir mantinham relacionamento há cerca de dois anos. Já marido dela – um pedreiro, assassinado no ano passado em São José dos Pinhais – foi vítima de uma trama na qual a própria Elenir teria participação. E o mandante deste crime pode ter sido o próprio Neri Pereira.

“Apuramos que Neri, quando bebia, costumava se vangloriar dizendo que mandava `apagar’ quem cruzasse o caminho dele”, explicou Taíco.

A chave entre os dois crimes são os comparsas de Elenir na morte de Neri: Adriano e Adriel, dois indivíduos já conhecidos pela polícia de Pontal, que moram em uma área de invasão em Praia de Leste. Uma testemunha do assassinato do marido de Elenir havia reconhecido Adriel como um dos dois homens que o matou em São José dos Pinhais, há cinco meses.

Sem saber desse detalhe, quando interrogada Elenir apontou Adriel e Adriano como comparsas dela no assassinato de Neri. “Foram eles quem surpreenderam o casal no carro. Um deles atirou em Neri e os dois colocaram fogo no carro. Depois fugiram de bicicleta, cortando caminho por dentro do mato, enquanto Elenir era tirada do local pelo terceiro comparsa, o Jorge”, explicou o investigador Taíco.

Segundo as investigações da polícia, tudo indica que a “loira fatal” teria usado o amante e os assassinos, chantageando todos com as informações que tinha sobre o assassinato do marido, em troca do que lhe interessava – uma casa em Araucária e um imóvel na praia, que pertenciam a Neri. Adriel e Adriano – este, com mandado de prisão expedido por participação em um assalto em Matinhos há dois meses, quando houve troca de tiros com a PM – sumiram. A polícia está no encalço deles.

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