A Polícia Federal (PF) anunciou nesta quinta-feira (21) a prisão de dez brasileiros ligados ao Estado Islâmico (EI) que planejavam um atentado terrorista durante a Olimpíada Rio-2016. O líder do grupo, de acordo com o ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, é de Colombo, na Região Metropolitana de Curitiba.

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Os 12 mandados de prisão da operação batizada Hashtag foram expedidos pela Justiça Federal paranaense. Além do Paraná, a operação, que envolve 130 policiais, cumpre e 19 mandados de busca e apreensão nos estados do Amazonas, Ceará, Paraíba, Goiás, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo e Rio Grande do Sul.

A operação iniciou em abril com o acompanhamento de redes sociais por parte de policiais da Divisão Anterrorismo da PF (DAT) e contou com a cooperação de serviços de inteligência de outros países. Os envolvidos participavam de um grupo virtual denominado Defensores da Sharia e planejavam adquirir armamentos para cometer crimes no Brasil e no exterior. Uma ONG com atuação na área humanitária e educacional também é investigada por participação no caso.

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Segundo Moraes, foram interceptadas mensagens dos integrantes do grupo do Whatsapp comemorando os atentados terroristas em Nice semana passada, quando 84 pessoas morreram atropeladas por um terrorista, e em Orlando, mês passado, quando outro terrorista matou a tiros 53 pessoas em uma boate.

O presidente interino Michel Temer foi informado da operação na manhã desta quarta e imediatamente se reuniu com o ministro da Justiça, do Gabinete de Segurança Institucional, Sérgio Etchegoyen, e com o diretor-geral da PF, Leandro Daiello.

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As informações da PF revelam que o grupo foi recrutado pelo Estado Islâmico (EI) pela internet. Um menor de idade foi apreendido na operação.

De acordo com o ministro da Justiça, o único contato que o grupo teve com EI foi num “batismo”, que seria um juramento à organização terrorista. Depois disso, eles iniciaram ações preparatórias que alarmaram a Divisão Antiterrorismo.

“Apenas dois deles tinham contato. Eles inclusive já cumpriram pena de prisão por homicídio. Mas os outros não tinham contato. Eles não se conheciam e inclusive usavam nomes falsos. Eles nunca marcaram encontro”, disse Moraes. “Eles eram muito amadores, falavam muito em treinar artes marciais. Era uma célula desorganizada”.

O ministro da Justiça explicou ainda que os investigados usavam grupos do Telegram e WhatsApp para trocar informações e elogiar atendados, como o de Nice, no sul da França, e o de Orlando, nos Estados Unidos. “Eles não tinham um alvo específico. Nós colhemos muito material e vamos estudar esses documentos”, explicou. Segundo Moraes, o Brasil passou a fazer parte do rol de alvos com a Olimpíada.

O órgão também explicou que, as “informações obtidas, dentre outras, a partir das quebras de sigilo de dados e telefônicos, revelaram indícios de que os investigados preconizam a intolerância racial, de gênero e religiosa, bem como o uso de armas e táticas de guerrilha para alcançar seus objetivos”.