Ao se deparar com o carro arrombado, o primeiro pensamento da maioria dos motoristas é que o aparelho de som foi levado. No entanto, em Curitiba, mais do que sons e estepes de pneus, as peças e acessórios de automóveis visadas por assaltantes têm se diversificado.

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Uma das peças mais inusitadas tem sido os volantes. O motivo? Nem a polícia sabe. Se o volante está sendo mais procurado no mercado, se tem grande valor de troca ou se é fácil de ser retirado, são apenas especulações. O fato é que motoristas têm reclamado dessa nova modalidade de crime.

Semanas atrás, a corretora de imóveis Rachel Alcântara se deparou com a surpresa quando deixou o carro estacionado à noite na Rua Mateus Leme, no Centro Cívico. “O carro não teve o vidro quebrado e não teve arranhão nenhum. Só percebi que o carro estava aberto e a única coisa que estava faltando era o volante”, contou. O prejuízo na reposição da peça foi de R$ 350. “Foi uma experiência bem desagradável. Não se pode mais sair à noite e não é todo lugar que tem estacionamento perto”, reclama.

Ao chamar o guincho, a motorista ficou sabendo que o seu caso pode ser mais comum do que se pensa na cidade. “O responsável pelo guincho que me atendeu comentou que tem atendido uma média de cinco a oito casos parecidos, de furto de volante, por noite”, afirmou.

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Além de volantes, acessórios esportivos também são bastante visados, inclusive em estacionamentos. “Tive a tampa cromada do combustível do meu carro roubada dentro de um estacionamento no Largo da Ordem, onde deixei o carro por cerca de 40 minutos apenas”, relatou a advogada Aline Cristina Coleto. “A sorte é que eu estava com a nota fiscal da compra do veículo dentro do porta-luvas e, depois de chamar a polícia, os responsáveis pelo estacionamento resolveram pagar o prejuízo”, completou.

Junto com essas peças, o furto de aparelhos de som e de estepe continua, seja de dia ou de noite. Outra vítima foi a jornalista Simone Mattos, que no início da manhã deixou o carro estacionado na Rua Saldanha Marinho, perto da Praça da Espanha, onde trabalha e, quando saiu, ao meio-dia, percebeu que o carro estava aberto e sem o aparelho de som. “Como estava atrasada, saí logo dali e, já na primeira curva, ouvi um barulhão no porta-malas.

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Estacionei para conferir e só então percebi que o porta-malas estava revirado, sem o pneu e roda estepe. Eles roubaram pelo banco traseiro, que também estava mexido”, lembra. O prejuízo de Mattos foi de mais de R$ 1 mil e, a partir de então, a certeza de que não estacionaria mais na rua. “Agora virei mensalista de um estacionamento próximo”, diz.

Delegacia não tem dados sobre peças

Arquivo
“Deve-se evitar estacionar em locais onde o ladrão consiga calcular o eventual tempo que o motorista ficará fora, como estádios de futebol.” Itiro Hashitani, delegado da DFRV de Curitiba.

A Delegacia de Furtos e Roubos de Veículos (DFRV) de Curitiba não tem estatísticas sobre quais peças de automóveis têm sido mais visadas por assaltantes, apenas informações sobre furtos e roubos de veículos. “A denúncia do roubo de um acessório ou peça de carro pode ser feita em qualquer distrito, por isso não temos informações sobre o total de peças”, esclareceu o delegado Itiro Hashitani.

Sobre os volantes, ainda não se sabe por que os crimes vem sendo cometidos. “Um volante de carro não é
uma peça cara. Não sei por que a pessoa se dá ao trabalho de retirar a peça, já que é preciso ferramenta apropriada para isso”, admitiu Hashitani.

Mais visados

Segundo o delegado, apesar das variações nas peças que são roubadas, o som ainda é o ace,ssório mais visado. Carros que têm o estepe na parte externa, como caminhonetes esportivas, são mais propícios ao furto ou roubo desta peça, de acordo com Hashitani, assim como rodas estilizadas. Para evitar furtos e roubos, o delegado alerta para que os motoristas não estacionem o veículo em local ermo, de pouca iluminação. “Deve-se evitar locais em que o ladrão consiga calcular o eventual tempo que o motorista ficará fora, como estádios de futebol, quando a pessoa deve se ausentar por cerca de duas horas, e faculdades”, exemplifica.

E, muitas vezes, pagar estacionamento é o melhor caminho indicado. “O estacionamento pago pelo menos é uma garantia a mais e, comparativamente, pode sair mais barato”, avalia o delegado.

Itens não podem estar em prateleiras

O Paraná proíbe a comercialização de peças de veículos sinistrados que sejam desmontados. Ou seja, as peças de automóveis não podem ser colocadas em prateleiras, mas sim retiradas dos veículos apenas na hora da venda. Pelo menos é o que diz a lei, embora a maioria das lojas de autopeças da cidade não faça isso. A determinação está prevista na lei n.º 14.894/2005 e, caso não seja cumprida, a Receita Estadual pode cancelar o cadastro estadual de contribuintes do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços (ICMS), se não comprovada a origem das peças. Da mesma forma, as peças que forem encontradas nas prateleiras e não acopladas nos veículos podem ser apreendidas. Pela lei, todos os veículos sinistrados das lojas devem possuir procedência, de onde foram comprados e suas respectivas notas fiscais, além de manter registro das peças vendidas para possíveis fiscalizações e conferências pelos órgãos responsáveis. A resolução vale inclusive para veículos adquiridos em outros estados para posterior comercialização no Paraná. No entanto, a Secretaria de Estafo da Fazenda (Sefa) não respondeu como faz o controle sobre as lojas de autopeças no Estado.

Números

O número de veículos furtados e roubados em Curitiba teve um acréscimo de 18,61% nos meses entre julho e setembro deste ano, em comparação com o mesmo período do ano passado, segundo informações da Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp) divulgadas nesta semana. Foram 1.931 veículos roubados ou furtados, entre automóveis, camionetas, motocicletas, caminhões e reboques, enquanto em 2007 foram 1.628 veículos nestes meses. No mesmo período, o número de veículos recuperados aumentou 17,21% em relação a 2007.