Júri de Valentina é adiado outra vez no Pará

O julgamento da vidente Valentina Andrade, 73 anos, suposta líder da seita Lineamento Universal Superior (LUS), que deveria ocorrer em Belém (PA), na próxima segunda-feira, foi mais uma vez adiado. A sessão foi marcada para 16 de novembro e até lá a mulher, acusada de matar e castrar cinco garotos em Altamira (PA), em sacrifícios exigidos pela seita – e emascular outros dois garotos que sobreviveram ao ritual – ficará recolhida em um presídio de segurança máxima.

Seguidores de Valentina que tinham vindo da Argentina (onde fica a sede da LUS) para fazer manifestações em favor dela, foram expulsos pela Polícia Federal, para não tumultuar ainda mais o caso. Para o advogado Cláudio Dalledone Júnior, de Curitiba, contratado no último fim de semana como defensor de Valentina, há muitas contradições na acusação e uma “severa perseguição” da Polícia Federal para com a acusada.

Fitas

Em meio a um grande alarde, policiais federais de Belém entregaram ao juiz que está presidindo as sessões (até agora quatro outras pessoas já foram julgadas e condenadas pelos mesmos crimes) duas fitas de videocassete, em que supostamente estariam gravadas provas que incrinariam Valentina. Embora chamadas de “provas novas”, as fitas são as mesmas apreendidas no Paraná, há 11 anos, quando Valentina e seu marido – o argentino Teruggi – foram presos como suspeitos no desaparecimento do garoto Leandro Bossi, ocorrido em Guaratuba.

Naquela época, também com grande alarde, a Polícia Civil paranaense apresentou trechos da fita, onde Teruggi, supostamente incorporando uma entidade, dizia: “matem as criancinhas”. No entanto, tudo indica que tais fitas de nada serviram, pois o casal foi solto dias depois e o inquérito do caso Leandro morreu na casca (até hoje não se sabe o que aconteceu com o garoto, na época com 7 anos). Desde então era desconhecido o destino dado às fitas, que agora reaparecem em Belém, para novamente servirem de prova contra a vidente.

Perícia

Dalledone impugnou a entrega das fitas ao juiz, alegando que já não é mais possível produzir provas contra a ré. Ao mesmo tempo contratou dois peritos criminais de Curitiba – Ari Ferreira Fontana e Leocádio Casanova – para periciarem as fitas. “Elas serão submetidas a perícia no Centro de Polícia Científica de Belém. Depois também serão periciadas pelos dois peritos contratados pela defesa e os laudos das duas análises serão comparados na hora do julgamento”, adiantou o defensor.

O advogado também apresentou vários quesitos para a realização do júri, o que não foi feito pela promotoria. Isso também contribuiu para o adiamento do julgamento, pois o juiz precisa dos quesitos da acusação para dar andamento aos trabalhos.

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