Juiz citado em orgias pede férias

Depois de ter sido citado como participante de orgias envolvendo menores em Campo Largo, na Região Metropolitana de Curitiba, o juiz André Taques de Macedo, 41 anos, pediu férias do cargo. Ele responde pela Vara Criminal da comarca, que agrega funções na áreas da Infância e Juventude, Família e Registro Público. O juiz nega qualquer envolvimento no caso e alega que o afastamento é para não constranger as investigações.

Essas informações foram repassadas ontem pelo advogado constituído pelo juiz, Juarez Xavier Küster. “Ele promete falar pessoalmente sobre o caso quando as investigações forem concluídas. Enquanto isso, vou acompanhar de perto todo o processo e repassarei as informações que forem possíveis”, disse o advogado. Segundo Küster, o magistrado – que atua há onze anos na cidade – também está abalado com tais acusações e quer preservar a família, pois tem uma filha de sete anos.

Em nenhum momento, porém, o nome completo do juiz havia sido divulgado pelo Centro de Operações Especiais (Cope) e Promotoria de Investigação Criminal (PIC) -órgãos que investigavam o caso -, tampouco pela imprensa que acompanha o trabalho de levantamento dos fatos. O que havia eram citações colhidas nos depoimentos da participação, nas festas com as menores, de um juiz da cidade. Macedo se adiantou em tomar essa atitude pela “lógica”, garante o advogado. “Em Campo Largo existem apenas dois juízes, sendo que um é mulher.”

O advogado garante que o magistrado não sabe precisar o motivo pelo qual teve seu nome envolvido no escândalo. Ele admite a hipótese de o fato ter sido criado por alguém que tenha interesse em ver o juiz afastado da cidade. “Como ele trabalha na área criminal, pode ter atuado em alguma situação que desagradou alguém, que agora quer exclui-lo do processo”, argumentou.

Mesmo atuando também na área da Infância e Juventude, Küster afirma que o juiz não tinha conhecimento dos fatos, e que mesmo depois do início das investigações pelo Cope e PIC, não tentou qualquer aproximação com as autoridades. “Se ele tivesse algum envolvimento, essa aproximação seria o primeiro passo para tentar desviar as atenções”, comentou.

Tribunal

A solicitação das férias não significa um pedido de afastamento do cargo, já que o juiz teria o direito a liberação por trinta dias relativos ao período de trabalho. “Ele vai pedir férias, mas vai continuar na cidade normalmente, pois não precisa se esconder de ninguém”, falou Küster. Macedo entregou o pedido ao Tribunal de Justiça na última quinta-feira. Ainda não obteve resposta.

Desde sexta-feira, o TJ assumiu as investigações do caso. Isso aconteceu em cumprimento ao artigo 33 da Lei Orgânica da Magistratura (Loman), que determina que “quando, no curso das investigação, houver indício de prática de crime por parte do magistrado, a autoridade policial, civil ou militar, remeterá ao respectivos autos ao Tribunal ou Órgão Especial competente para o julgamento, a fim de que prossiga a investigação”.

Devido a suspeita de participação do juiz, o caso seguirá em sigilo, no que se refere ao magistrado, e aos outros envolvidos. Somente amanhã o TJ deverá distribuir o processo para um desembargador, que irá presidir o inquérito. O TJ poderá decretar a prisão preventiva dos envolvidos, tanto pelo crime em tese praticado quanto por possíveis ameaças a testemunhas e perturbação dos trabalhos de investigação.

Casa de vereador é alvo de disparo

A casa do vereador de Campo Largo Achilles Munaretto (PMDB) foi atingida por um disparo de arma de fogo. O fato aconteceu por volta das 21h de sexta-feira. Ele e outras três pessoas estavam na casa no momento do incidente, mas ninguém ficou ferido.

O vereador conta que estava com a família na cozinha da residência, quando ouviu um barulho estranho. “Como estávamos com a televisão ligada, achamos que pudesse ser algum som da transmissão”, disse. Ele só verificou que sua casa havia sido alvejada ontem pela manhã.

O projétil atingiu a grade do portão, esbarrou na parede e quebrou a vidraça da frente da casa. A bala só foi contida quando bateu em um estatueta que fica ao lado da janela. Peritos do Instituto de Criminalística estiveram no local, ontem à tarde, e encontram o projétil.

Devido à deformação da bala, somente um exame de balística poderá identificar o calibre da arma e em que circunstâncias que a bala foi disparada. Se a arma estiver registrada, existe uma grande possibilidade de se localizar os possíveis autores.

Vingança

O vereador atribuiu o atentado ao seu comportamento diante das investigações sobre as denúncias de orgias envolvendo menores no município de Campo Largo. “Eu estou empenhado em elucidar esse escândalo. E isso não deve estar agradando algumas pessoas”, afirmou.

Segundo Munaretto, a cidade está tendo sua imagem denegrida em nível nacional por essa atrocidade. E ele como vereador tem a obrigação de exigir a elucidação dos fatos e a punição dos envolvidos.

Ainda na manhã de ontem, o vereador registrou um boletim de ocorrência. Agora, ele irá esperar os resultados da investigação que possam apontar os autores do atentado. Munaretto afirmou que, diante dos fatos, irá tomar mais cuidado para que ele e sua família não sejam feridos. (RO)

Festas aconteciam há um ano

As orgias envolvendo a participação de menores em uma chácara, no bairro Morro Vermelho, a dois quilômetros do centro de Campo Largo, acabaram sendo divulgadas no final do mês de outubro. Porém, as investigações da polícia e Ministério Público já vinham sendo desenvolvidas há mais tempo.

Os moradores da região garantem que há pelo menos um ano esse tipo de festas ocorriam na cidade. Segundo informações da polícia, as menores entre 14 e 17 anos eram obrigadas a se prostituir. Muitas vezes, elas praticavam sexo até mesmo por um prato de comida. Elas se relacionavam com os participantes, além de fazer strip-tease e protagonizam cenas de lesbianismo. Entre os freqüentadores da “chácara” estariam pessoas conhecidas da sociedade, além de vereadores, policiais e juiz. (RO)

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