A história de Glenda Paula Marçal dos Santos, 24 anos, não tem explicação científica. A jovem foi dada como morta depois série de exames no Hospital do Trabalhador e, quando estava na mesa de cirurgia, para retirada de órgãos, os médicos descobriram que a paciente ainda respirava. De acordo com Márcia Luiza Krajden, diretora técnica do hospital, não há explicação científica para a súbita recuperação de Glenda.

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Em 15 de dezembro, Glenda, mãe de dois filhos, trabalhou o dia todo em uma feira de venda de carros e se reuniu com os amigos após o trabalho. Voltava para casa, no início da madrugada seguinte, quando perdeu o controle do veículo em uma curva e bateu em um poste na Rua Francisco Frischmann (rápida do Portão). Glenda foi socorrida rapidamente e encaminhada ao Hospital do Trabalhador, com fraturas, inclusive no crânio. O estado de saúde era gravíssimo e ela permaneceu na Unidade de Terapia Intensiva.

Reprodução
Glenda sofreu acidente de carro.

Exames

De acordo com Márcia Luiza, em 28 de dezembro suspeitou-se de morte cerebral e vários exames foram feitos na paciente, entre eles teste de apneia, que indica se o paciente respira espontaneamente, e doppler fluxometria, que aponta se há fluxo cerebral, e eletroencefalograma, que comprovou ausência de ondas cerebrais. No dia 30, às 19h, o resultado de todos os exames garantia a morte cerebral. “Não há a possibilidade de nenhum exame ter dado resultado errado. Todos foram feitos seguindo o protocolo do Ministério da Saúde”, ressalta Márcia.

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A família foi avisada do diagnóstico ainda na noite do dia 30. Maria das Graças Silva, mãe de Glenda, decidiu doar os órgãos da filha. Ela retirou o atestado de óbito, reservou a capela mortuária da igreja dos freis capuchinhos, na Cidade Industrial, perto de onde a família mora, e passou a virada do ano aos prantos.

“Já estava conformada com a morte dela. Fiquei o dia todo chorando, mas pelo menos sabia que ela iria salvar algumas vidas com a doação dos órgãos”, conta Maria.

Na hora

Aliocha Maurício
Maria acredita em milagre.
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No dia 1.º de janeiro ela saiu de casa para comprar terreno em algum cemitério, quando recebeu o telefonema do hospital. A equipe contou que Glenda ainda estava viva.

Depois que o diagnóstico da morte cerebral foi dado, a Central de Transplantes enviou uma equipe para o Hospital do Trabalhador para recolher os órgãos de Glenda, no dia 31. O médico anestesista, assim que entrou na sala de cirurgia, percebeu que ela tinha pequenos movimentos respiratórios e a equipe levou-a às pressas de volta para a UTI.

De acordo com os médicos do hospital, Glenda tem insuficiência renal e um grave comprometimento cerebral. Ela respira agora com auxílio de aparelhos. Para a doutora Márcia, não há explicação científica, até o momento, para o que aconteceu com Glenda. O Hospital do Trabalhador faz captação de órgãos há quatro anos, e nunca aconteceu algo parecido. “Vamos estudar o caso passo a passo, reavaliar os procedimentos”, explica.

Aliocha Maurício
Márcia: não há explicação médica.

Milagre

A família acredita em um milagre. Maria tem a alegria de tê-la viva e a esperança de vê-la melhor. “Foi doando os órgãos que eu tive a graça de ter de volta a minha filha. Ela iria salvar outras vidas, mas Deus decidiu salvar a vida dela. Ela é devota de Nossa Senho,ra do Perpétuo Socorro, e tenho certeza que ela intercedeu”, comemora Maria.

Ontem, Maria retirou os documentos no hospital que revogam o diagnóstico de morte encefálica para anular o atestado de óbito e provar, no papel, que Glenda continua viva. Ela elogiou bastante o atendimento recebido no HT, e pede orações para a recuperação da filha.