Irão a júri os PMs acusados de homicídio

Os policiais militares Nilton Hasse e Afonso Odair Konkel, acusados de matar com um tiro na cabeça o estudante Anderson Froese de Oliveira – fato ocorrido em 2 de novembro passado – foram denunciados pelo Ministério Público, através da Promotoria de Investigação Criminal (PIC). A denúncia foi protocolada ontem na Central de Inquéritos, com base no inquérito policial militar número 682/02, da Vara de Auditoria da Justiça Militar Estadual.

O juízo criminal deverá receber toda a documentação referente aos fatos e iniciar a ação penal, determinando uma data para interrogar os dois denunciados. Caso no final do processo a Justiça conclua que há indícios de autoria do crime e materialidade, os PMs serão pronunciados e levados a júri popular, pelo Tribunal do Júri de Curitiba, a exemplo do que aconteceu com policiais civis acusados de matar o estudante Rafael Rodrigo Zanella, crime ocorrido há 5 anos.

Presos

Os policiais – ambos recolhidos no quartel central da PM – foram denunciados por homicídio qualificado por motivo fútil e recurso que impossibilitaou a defesa da vítima, além de dano ao patrimônio público, fraude processual, denunciação caluniosa e tortura.

Na data dos fatos, Anderson e um amigo – menor de idade – pichavam os muros de uma empresa de ônibus, na Rua Marechal Floriano, Parolim, quando foram surpreendidos pelos policiais que ocupavam uma viatura descaracterizada (um Corsa). Abordados, os jovens foram obrigados a encostar na parede para serem submetidos à revista. Embora os dois estivessem desarmados, os PMs mantiveram suas armas apontadas para as cabeças dos rapazes.

Hasse portava uma pistola Taurus, calibre 357, e ao proceder a revista acionou o gatilho da arma – provavelmente de forma acidental – e matou o adolescente. Ao invés de providenciar socorro e apresentar-se aos superiores, contando o que realmente aconteceu, ele e o colega montaram uma falsa história, acusando as vítimas de terem reagido à prisão.

O menor foi preso e torturado psicologicamente para confirmar a fraude. Os PMs dispararam um tiro contra a viatura e “plantaram” armas no rapaz morto e seu amigo, para tentar dar veracidade à história. No entanto, quando entregaram as armas na Delegacia do Adolescente, para onde conduziram o menor, esqueceram de verificar o tambor do revólver que estava carregado e com todos os projéteis intactos, o que desmentia a versão de que houve tiroteio.

Testemunhas

O que os PMs não contavam é que houve muitas testemunhas do fato, que logo apresentaram a versão verdadeira. Peritos da Polícia Científica também não tiveram muito trabalho para constatar que a história apresentada pelos PMs não condizia com a verdade. A cena chegou a ser reconstituída, mas estranhamente não no local dos fatos, mas no pátio do quartel onde os dois policiais estavam lotados. O inquérito policial militar instaurado concluiu que ambos haviam mentido, dando margem então para que fossem denunciados.

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