Com dois mandados de prisão decretados contra si – um pela 2.ª Vara Federal Criminal e outro pela Vara de Inquéritos Policiais de Curitiba – o ex-policial civil Ricardo Abilhoa apresentou-se na noite de quarta-feira, na Superintendência Regional da Polícia Federal, onde está preso. No final do mês passado ele foi demitido da Polícia Civil, após uma série de denúncias.

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Foragido desde junho do ano passado, acusado de extorsão e enriquecimento ilícito – dentre outros delitos – Ricardo, que é filho do procurador de Justiça Dartagnan Cadilhe Abilhoa, foi levado à sede da PF pelas mãos do pai e na companhia de um advogado. Ele chegou na superintendência às 20h30 e em seguida foi recolhido numa das celas, onde permanece à disposição da Justiça.

Extorsão

Quando ainda era policial, Ricardo agia em companhia de Carlos Eduardo Carneiro Garcia – o ?Carlinhos? , outro investigador já demitido e também preso. Contra eles pesam várias acusações, porém o estopim que deflagrou suas prisões foi a denúncia de que, em 18 de junho de 2004, eles extorquiram 3 milhões de dólares de um traficante internacional conhecido como ?Mexicano?.

A Polícia Federal entrou no caso e desenvolveu uma série de investigações, conseguindo chegar ao traficante, que nada mais era que Lucio Rueda Bustos, que usava o nome falso de Ernesto Polascência San Vicente, conhecido como ?Mexicano?, braço-direito do Cartel Juarez, maior organização criminosa do México envolvida com tráfico de cocaína e lavagem de dinheiro. Na casa de Lucio, na Vila Hauer, os agentes federais apreenderam farta documentação de envio de dinheiro ?lavado? para o México e a cópia de um inquérito feito pela Promotoria de Investigação Criminal (PIC).

Condenação

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De acordo a Justiça Federal, no decorrer do processo ficou provado que Lucio Bustos foi preso irregularmente pelos dois ex-policiais, e que foi liberado após ?pagamento de vantagem indevida a Carlos Eduardo?. Com parte do dinheiro, os dois ex-investigadores tentaram, inclusive, comprar apartamentos de luxo em Balneário Camboriú (SC), chegando a assinar um compromisso de compra com um corretor de imóveis.

?Carlinhos? foi condenado a 8 anos e 2 meses de reclusão e 9 meses e 10 dias de detenção, além de multa. Já o traficante internacional recebeu a condenação de 4 anos e 1 mês de reclusão. Ainda cabe recursos contra as sentenças. Como Ricardo Abilhoa estava foragido, o processo foi desmembrado e ele não chegou a ser julgado, o que deverá ocorrer agora que está atrás das grades.

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