Investigador acusado de extorsão e enriquecimento ilícito está foragido

Depois de um mar de denúncias, muitas investigações e vários inquéritos criminais instaurados pela Corregedoria da Polícia Civil e pela Polícia Federal, o investigador de terceira classe da Polícia Civil Ricardo Abilhoa – filho do procurador de justiça Dartagnan Cadilhe Abilhoa – foi demitido. Desde dezembro, o Conselho da Polícia Civil havia proposto a demissão do funcionário, por descumprir ordem superior dentro de outro processo em que era investigado.

Os nove membros do conselho votaram a favor da demissão, assinada na quarta-feira.

Mais grave do que descumprir uma ordem superior, Ricardo Abilhoa é apontado como autor de outros delitos, que vão desde agressão a uma ex-namorada até extorsão e enriquecimento ilícito. Ele está com prisão preventiva decretada e é foragido. Costumava agir com Ricardo o também ex-investigador Carlos Eduardo Carneiro Garcia, o ?Carlinhos?, que está preso desde 15 de agosto do ano passado, em cumprimento de mandado de prisão expedido pela Vara de Inquéritos Penais.

Complicações

As ?estripulias? de Ricardo já prejudicaram praticamente toda sua família. Em setembro do ano passado, numa ação da Polícia Federal, em cumprimento a mandados de busca e apreensão, foram vistoriados bens e imóveis dele e dos irmãos Marcelo e Luciana Abilhoa. Dois carros foram apreendidos e a determinação judicial incluiu o bloqueio das contas correntes e indisponibilidade de bens como veículos, casas e apartamentos pertencentes aos citados. Na época, Marcelo desacatou os policiais federais e foi detido. Saiu sob fiança.

No início de 2006, Ricardo já tinha sido julgado e penalizado pelo Conselho da Polícia Civil, com 90 dias de suspensão, porque se descobriu que era sócio-gerente do restaurante Armazém Santo Antônio, no centro de Curitiba. Pelo Estatuto da Polícia Civil é proibido a um policial manter qualquer atividade ligada diretamente ao comércio. Neste mesmo restaurante, ele teria agredido uma ex-namorada, que, revoltada, contou tudo o que sabia das atividades ilícitas do acusado a órgãos superiores da polícia.

Extorsão de US$ 3 milhões

A principal denúncia feita pela ex-namorada de Ricardo dava conta que ele e ?Carlinhos? haviam prendido um traficante internacional, em 2004, e extorquido dele 3 milhões de dólares. A Polícia Federal iniciou investigações e, também no ano passado, conseguiu chegar ao traficante, que nada mais era que Ernesto Polascência San Vicente, conhecido como ?Mexicano?, braço-direito do Cartel Juarez, maior organização criminosa do México envolvida com tráfico de cocaína e lavagem de dinheiro. Na casa de Ernesto, na Vila Hauer, os agentes federais apreenderam farta documentação de envio de dinheiro ?lavado? para o México e a cópia de um inquérito feito pela Promotoria de Investigação Criminal.

De acordo com o que foi apurado, ?Mexicano? foi condenado pela Justiça Federal, na semana passada, a 10 anos e 6 meses de reclusão, por lavagem de dinheiro e corrupção. ?Carlinhos? também foi condenado no âmbito federal, porém sua pena não foi divulgada.

Quanto a Ricardo, o processo contra ele está em suspenso, já que está foragido. O advogado de Ricardo, Cláudio Dalledone, informou ontem que pretende apresentar seu cliente em breve, mas não precisou data.

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