Investigação rápida esclarece assassinato de adolescente

Um eficiente trabalho investigativo realizado pela polícia de São José dos Pinhais resultou na prisão de quatro homens envolvidos na morte da adolescente Angélica Aparecida Goulart, 15 anos, e de ferimentos à bala na amiga dela, Genivalda, 16. As duas foram baleadas à margem da BR-277, perto do viaduto do Contorno Leste, mas apenas Genivalda conseguiu sobreviver. Ela continua internada no Hospital Cajuru, onde não corre risco de morrer. Dos cinco envolvidos diretamente no crime, um deles – conhecido por “Gordo” – continua foragido. Estão presos Rodrigo Teixeira da Silva, 24 anos; Ladir Ferreira de Almeida, 20; Elias Lisboa, 22, e Sérgio Antônio Filho, 19.

O caso começou a ser elucidado com o vago depoimento dado pela vítima, ainda no hospital, ao superintendente Altair Ferreira. A adolescente não soube informar o nome dos rapazes que as teriam estuprado e atirado, mas relatou um fato que deu início às investigações. “Ela disse que os meninos, bêbados, falavam a toda hora que deveriam voltar e tirar satisfações dos seguranças de uma casa noturna de samba e pagode que os haviam expulsado”, relatou o policial.

Investigação

A partir do depoimento, foram levantadas as casas que tocam esse gênero de música em Curitiba e iniciadas diligências. Em conversa com o gerente de uma das danceterias, ele comentou que seus seguranças haviam retirado rapazes que se envolveram em uma confusão dentro do estabelecimento. A confusão, inclusive, foi filmada pelo sistema interno de vigilância da casa. Na ficha de consumação, também foram obtidos o primeiro nome dos envolvidos. Em seguida, os investigadores foram até um estacionamento próximo à danceteria, onde confirmaram que quatro rapazes haviam estado ali em um Kadett, cujas características a polícia já possuía. No estacionamento foi levantada a placa do carro, que indicou um endereço a ser averiguado.

De posse das imagens, de nomes e um endereço os investigadores Costa, Edemilson e o superintendente começaram a fechar o quebra-cabeça. Foram até o endereço levantado e encontraram um parente de um dos acusados, que informou que havia vendido o carro para ele. Nesse período, a polícia também obteve a fita de vídeo contendo a gravação do posto de combustível na Avenida das Torres, onde o grupo comprou bebidas e conheceu as duas meninas.

Prisão

Com o novo endereço em mãos, foi montada campana em frente à residência de Rodrigo Teixeira da Silva, no Jardim Weisópolis, e ele foi preso às 13h de ontem, quando retornou com o Kadett. A partir da prisão de Rodrigo, a polícia prendeu Elias Lisboa. Na seqüência, Ladir Ferreira de Almeida e Sérgio Antônio Filho, no bairro Uberaba. Um quinto indivíduo conhecido apenas por “Gordo” continua foragido, mas está sendo caçado pelos investigadores. Dos citados, participaram efetivamente da morte e tentativa de homicídio das garotas, Elias, Ladir e “Gordo”, segundo os levantamentos da polícia. Sérgio foi quem forneceu a arma para o crime e Rodrigo teria participado do estupro, inclusive cedendo a própria casa para a violência, aproveitando que sua esposa tinha viajado.

Todos foram recolhidos ao xadrez da delegacia de São José dos Pinhais e vão responder aos crimes de seqüestro, homicídio, tentativa de homicídio e formação de quadrilha, segundo informou o delegado Osmar Dechiche.

Conhecer um criminoso condenou as jovens

De acordo com os dados obtidos pela polícia, os acusados foram até uma casa de samba e pagode onde arrumaram confusão e foram retirados pelos seguranças do estabelecimento. Segundo o superintendente Altair Ferreira, o “Gordo” deu uma cabeçada num cliente, dando início à confusão. Da danceteria, o grupo formado por Rodrigo ( motorista), Elias, Ladir e “Gordo” foi até um posto de combustível, na Avenida das Torres, e comprou bebidas alcoólicas. Nesse local, que é bastante freqüentado por jovens, conheceram as duas garotas, vítimas de estupro e uma delas assassinada. Um dos criminosos inclusive, já havia namorado uma amiga de Angélica Goulart e Genivalda.

Os acusados levaram as meninas para a casa de Rodrigo, em Pinhais, onde elas foram estupradas, segundo a polícia. Devido a bebedeira, Rodrigo não conseguiu sair de casa e ficou dormindo. Os outros três saíram com o Kadett e as garotas. No trajeto, uma delas comentou que sabia o nome de um dos rapazes e assim assinou sua sentença de morte.

Tiros

Dando a desculpa de que queria retornar à casa noturna para “acertar contas” com os seguranças, o grupo foi até a casa de Sérgio e emprestou uma pistola calibre 380. Os assassinos rumaram pela BR-277 e no Contorno Leste, entraram em uma via secundária. Num determinado ponto, Ladir – que conduzia o Kadett – parou o carro e as meninas foram baleadas para que não pudessem identificar os estupradores. Os três passarão pelo exame de luva de parafina para detectar quem atirou nas adolescentes, conforme disse o delegado Dechiche.

As duas caíram à margem da BR-277 e os criminosos, pensando que ambas estavam mortas, foram embora. Entretanto, Genivalda conseguiu pedir socorro para um motorista de ônibus que passava pelas proximidades. Ela foi encaminhada ao Hospital por uma ambulância da Ecovia e salvou a vida. Angélica não teve a mesma sorte. Morreu no local dos disparos.

Nenhum dos presos confirmou ter participado do estupro e das mortes. O Kadett utilizado no crime foi apreendido e está no pátio da delegacia de São José dos Pinhais.

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