Inquérito mal feito livra foragido da prisão

Mesmo foragido desde 2001, Pedro João Camargo de Melo, 29 anos, acusado de um duplo homicídio ocorrido em São José dos Pinhais, em 2000, foi julgado anteontem, no Tribunal do Júri daquele município, e absolvido por falta de provas.

“Um inquérito capenga e mal feito facilitou a defesa do réu”, comentou o advogado Matheus de Almeida. O júri foi presidido pela juíza Luciane de Paula e atuou na promotoria Márcia Graf.

Pedro João era apontado como o assassino de Marcos Henrique Lemos Pinheiro e de Wilson Alves da Silva Filho. Os dois teriam praticado um assalto em companhia do irmão caçula de réu, um garoto de 10 anos. Na fuga, o menino teria sido morto por Wilson. Para vingar a morte do irmão, João Pedro teria matado os dois.

Confissão

Preso dias depois do crime, ele confessou o crime na delegacia. Como na época era menor de 21 anos, foi interrogado na presença de um curador. No entanto, nem o curador nem o delegado assinaram o interrogatório, que ficou sem valor.

“Não houve qualquer outra investigação, nem provas testemunhais ou periciais”, explicou o defensor. Quando interrogado em juízo, Pedro João negou a autoria, afirmando que “apanhou muito na delegacia, para confessar”. Com a nova lei que permite a realização do julgamento sem a presença do réu, o defensor baseou-se nas falhas do processo para obter a absolvição.