O ex-prefeito de Rio Branco do Sul, João Dirceu Nazzari, foi inocentado judicialmente da acusação de participar de uma quadrilha de desmanche de carros que seria liderada por Joarez França Costa, o “Caboclinho”, e por Paulo Mandelli. No final do mês passado, a promotora de Justiça daquela Comarca, Cynthia Maria de Almeida Pierri, solicitou à juíza Jane dos Santos Ramos Rodrigues o arquivamento de um inquérito policial instaurado em junho de 2001, que apurava receptação de carros roubados e formação de quadrilha. A juíza aceitou o pedido.

Por conta da repercussão negativa na imprensa e opinião pública envolvendo o nome do então prefeito – que acabou não conseguindo se reeleger – o advogado de Nazzari, Elias Mattar Assad, vai entrar com ação judicial pedindo indenização por danos morais contra o Estado. “Toda a imprensa divulgou as acusações, prejudicando inclusive a vida pessoal do prefeito. Mas nada foi provado contra meu cliente”, disse Assad.

Cemitério

Na época, policiais da Promotoria de Investigação Criminal (PIC) do Ministério Público do Paraná, em diligências para apurar as atividades ilícitas de “Caboclinho” e de Paulo Mandelli naquela região, encontraram um cemitério de motores e peças de automóveis roubados. As peças estavam enterradas em uma área que seria da Brascal, empresa da qual Nazzari é um dos sócios. Mas, de acordo com o relatório da promotora Cynthia Pierri, não foi provado nem mesmo que o terreno seria da Brascal.

A área, que ficou conhecida em Rio Branco como “cemitério de motores”, fica ao lado da Brascal. Mas de acordo com uma testemunha ouvida no processo, o terreno está em litígio entre João Dirceu Nazzari e Bento Chimelli – prefeito de Rio Branco do Sul que está com a prisão decretada e foragido da Justiça há quase um ano. Chimelli, eleito na gestão posterior à de Nazzari, teve mandado de prisão expedido contra ele em dezembro do ano passado por irregularidades cometidas à frente da administração pública.

Inquérito

João Dirceu Nazzari responde a outro inquérito policial que ainda não foi concluído. Em março de 2001, o então delegado de Rio Branco, Mário Sério Bradock Zacheski, instaurou inquérito para investigar desvio de verbas da prefeitura durante a gestão de Nazzari. Bradock tinha cópias de notas fiscais supostamente frias, emitidas pela prefeitura, e pediu a prisão preventiva de Nazzari quatro vezes. Todos os pedidos foram negados pela Justiça.

O arquivamento do processo referente ao cemitério de motores acabou inocentando também “Caboclinho” e Paulo Mandelli no mesmo inquérito policial. De acordo com a promotora, embora inúmeras evidências apontem os dois acusados como autores do delito de receptação, nas diversas diligências realizadas não ficou comprovado que teriam sido eles os responsáveis pelo enterro dos motores no local.

“Caboclinho” está na Prisão Provisória de Curitiba, no Ahu, e responde a outros inquéritos. Paulo Mandelli, proprietário da empresa Motoralba, está foragido há três anos.

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