Indícios de estelionato no caso Village Batel

O delegado Miguel Stadler, do Núcleo de Repressão a Crimes Econômicos (Nurce), já tem indícios da prática do crime de estelionato, além de corrupção de funcionários públicos, no processo que permitiu à empresa Village Batel Empreendimento Ltda. conseguir sua alteração contratual num prazo recorde, burlando o procedimento lícito da Junta Comercial do Paraná. De acordo com o delegado, o funcionário da Junta que assinou a alteração contratual no segundo pedido, que não foi cadastrado no sistema comum do órgão, afirmou em depoimento que foi induzido a erro por outro funcionário. “Falaram para ele assinar o documento sem avaliá-lo, dizendo que tudo já estava correto. Isto caracteriza que alguém tentou tirar proveito, para si ou para outra pessoa, enganando o funcionário da Junta”, explicou Stadler.

Crimes como corrupção ativa e passiva e de terceiros contra a administração pública também são investigados. O secretário da Segurança Pública, Luiz Fernando Delazari, pediu rigor nas investigações do Nurce. “É um absurdo usar um documento conseguido de forma ilícita, para entrar na Justiça e ainda pedir a prisão de autoridades do governo do Paraná. É absoluta má-fé e será veementemente punida”, disse Delazari.

A Junta invalidou, pela suspeita de corrupção, a alteração contratual do Village Batel Empreendimento Ltda, na manhã de quinta-feira, durante reunião do Conselho dos Vogais (órgão máximo de deliberação da Junta). A empresa Village é acusada de corromper funcionários e burlar o procedimento para conseguir a alteração de contrato que embasou o pedido de liminar apresentado ao Tribunal Regional Federal da 4.ª Região, o que permitiu a reabertura da casa de bingo.

Depoimentos

Ao todo, quatro pessoas prestaram depoimento sobre o caso, ontem. Dois procuradores da Junta e outros dois funcionários. Os nomes das quatro pessoas estão sendo mantidos em sigilo. Para segunda-feira, outras cinco foram chamadas à delegacia. “Entre os que serão ouvidos, já estarão alguns suspeitos de participação decisiva na emissão do documento através deste procedimento viciado”, anunciou Stadler.

Além disso, o delegado pediu à Junta Comercial o envio das fitas de vídeo que mostram imagens da movimentação de pessoas durante todo o expediente do dia 9 de julho. Stadler também vai receber a listagem de todas as pessoas que entraram na Junta Comercial nesse dia.

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