Após ameaças

Homem ouve tiros e confirma premonição

Morador do bairro Lamenha Grande, Almirante Tamandaré, há mais de 20 anos, o comerciante Leopoldo Cani Filho, 63 anos, estava em casa na noite de ontem e ouviu os três tiros que mataram seu filho mais velho, Jhonatan Cani, 30, na frente da residência, pouco antes das 19h40. As ameaças contra o filho vinham acontecendo há alguns meses, mas Jhonatan falava pouco sobre o assunto. Por duas vezes foram até a casa procurá-lo, mas ele não apontava quem eram os inimigos, nem o porquê das ameaças.

Quando o pai ouviu os tiros, imaginou o que tinha acontecido e comprovou ao encontrar o corpo no meio da Rua Rio Paraná, quase encostado em um Monza. Ele chamou a polícia em seguida.

O acesso ao local é bastante difícil. As ruas nesta região, conhecida como Jardim Cristiane, são íngremes e com muita erosão. Estes fatores impõem lentidão a qualquer fuga, mesmo assim, nenhuma testemunha quis dar descrições do assassino. Policiais militares do 22.º Batalhão isolaram a área e até tentaram falar com alguns moradores, mas sem muito êxito. O pai da vítima ficou ao lado dos PMs e disse que o filho mais novo tinha saído de casa, com medo.

Foragido

Jhonatan fugiu da Colônia Penal Agrícola, onde cumpria pena por roubo e tentativa de homicídio, em janeiro do ano passado. Depois da temporada preso, ele ficou quase 20 meses nas ruas, e desde o início tinha voltado a morar na casa do pai, que é viúvo. Segundo Leopoldo, o filho tinha voltado a usar drogas nos últimos tempos e, semanas atrás, tinha se envolvido com o tráfico.

Violência

O último assassinato que aconteceu neste bairro foi na noite de 17 de julho, uma quarta-feira, quando João Ricardo de Meira, 32, foi executado a tiros, na Rua Marechal Deodoro da Fonseca. Desde o começo do ano, 64 pessoas foram assassinadas em Almirante Tamandaré, a maioria delas por disparos de arma de fogo.