História de amor acaba em morte misteriosa

Uma história de amor teve final trágico na madrugada de ontem. Jorge Elvis Lock, 20 anos, e a namorada dele, Patrícia de Jesus Bezerra, 21, foram encontrados mortos no quarto 203 do Hotel Mirhage, na Rua André de Barros, 339, centro de Curitiba. Os tiros foram ouvidos às 4h10 de ontem pelos demais hóspedes, mas somente pela manhã a irmã de Patrícia, Cíntia Bezerra, 23, que estava no mesmo hotel, encontrou os corpos sobre a cama. A polícia está investigando o caso com bastante cuidado, pois há indícios de assassinato seguido de suicídio, mas não se descarta a possibilidade de duplo homicídio.

Jorge, Patrícia e Cíntia chegaram segunda-feira à tarde de Telêmaco Borba, onde moravam, e de imediato se instalaram no hotel. Tinham passagem de volta marcada para o meio-dia de ontem – o rapaz veio a pretexto de cobrar uma dívida referente à venda de um Monza. Cíntia, mãe de dois filhos, aceitou o pedido da irmã e os acompanhou para visitar a capital do Estado pela primeira vez.

As mulheres passearam pelo centro na noite de segunda-feira e voltaram ao hotel às 23h30. “Notei que o Jorge estava muito quieto. Perguntei o que tinha e ele disse que só estava com sono”, contou Cíntia, que se acomodou no quarto em frente e dormiu.

Tiros

A irmã da vítima e outros dois hóspedes confirmaram ter escutado tiros por volta das 4h10. A acústica do lugar os iludiu e todos acreditaram que os disparos vinham da rua – por isso não se incomodaram.

O casal disse que acordaria às 8h30. Uma hora depois, não tinham se manifestado e Cíntia ficou sem resposta ao bater na porta trancada por dentro. Apanhou a chave reserva na portaria e encontrou os corpos.

Em princípio, a PM e policiais da Delegacia de Homicídios acreditavam na hipótese de um duplo homicídio. Suspeitava-se que o porteiro da madrugada, naquele momento ausente do local do crime, tivesse entregado a chave extra a terceiros. A perita da Polícia Científica, porém, ao examinar o local do crime, encontrou um revólver calibre 32 caído entre o casal, enrolado no lençol.

Evidências

A perita Jussara Joeckel disse que, pela posição dos corpos e da arma, Jorge teria atirado na nuca de Patrícia, e depois no próprio queixo. Segundo a perita, a jovem provavelmente dormia quando foi atingida. Mas outras informações apuradas pela polícia tornam o caso um pouco mais complicado. Alguns hóspedes ouvidos no local disseram ter ouvido três tiros durante a madrugada. O superintendente da DH, Neimir Cristóvão, informou ontem à tarde que no queixo de Jorge havia marca de dois tiros. Diante dessas evidências, o delegado Reinaldo Ivanike, que preside o inquérito, aguarda o resultado da perícia da arma e do local, bem como o laudo do IML, para continuar com as investigações e chegar a uma conclusão precisa sobre as mortes. O delegado também vai ouvir formalmente outros hóspedes do hotel, o porteiro e a irmã de Patrícia.

Por enquanto, Cíntia declarou que o casal aparentemente vivia bem e que não desconfiava de qualquer intenção criminosa do rapaz. Segundo ela, Patrícia foi garota de programa em Curitiba e na cidade de Reserva, onde conheceu Jorge. “Ele gostava muito dela, estava comprando uma casa para os dois em Telêmaco Borba. Ela parou com os programas e disse que ia largar também o crack. Queria viver bem com ele”, falou a irmã, que teve a difícil tarefa de relatar a tragédia aos pais, no interior do Estado.

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