Greve na PCE estaria terminando

Pelo menos cem dos mil presos que estão em greve de fome na Penitenciária Central do Estado já desistiram do movimento. A direção da cadeia acredita que em breve a greve terminará, já que nenhuma reivindicação será atendida. “Para os detentos que estão com aids e outras doenças está sendo servido leite para minimizar a situação. Os que desistem da greve são removidos para outras galerias e recebem alimentação”, explicou o diretor do presídio, André Kendrick.

Caso o movimento não seja encerrado hoje, a visita de domingo será cancelada para os grevistas. Ainda ontem uma nova revista foi realizada em todos os cubículos para a apreensão de mantimentos que haviam sido levados por parentes e estavam escondidos nas celas. Também aparelhos de rádio e televisores já foram retirados, uma vez que a greve propiciou o corte de regalias. Também o banho de sol está cancelado e todos os detentos estão sendo mantidos em suas celas.

Movimento

A greve teria sido ordenada por membros do Primeiro Comando da Capital (PCC) e Primeiro Comando do Paraná (PCP)- organizações criminosas formadas dentro do presídio – que foram removidos no final do mês passado para a Penitenciária Estadual de Piraquara (PEP), porque estariam organizando um motim dentro da prisão.

“Removemos sete líderes de cada uma das organizações e eles estão em isolamento na PEP, justamente para garantir a segurança deles e de outros detentos”, explicou o diretor. Ocorre que há alguns dias um dos integrantes do PCP, autor de estupros, sofreu violência sexual dentro da cela. Seus companheiros prometeram vingança e passaram a ameaçar membros da facção contrária. Havia boatos de que ocorreriam mortes dentro do presídio, o que levou a remoção dos líderes e desarticulação do movimento.

Presos contam o que pretendem

Embora a expectativa da direção da Penitenciária Central do Estado seja que a greve de fome dos presos – iniciada na terça-feira – termine logo, detentos que participam do movimento informaram ontem à noite que a situação na cadeia é tensa e não há previsão para seu encerramento. “Nós estamos reivindicando uma série de coisas, não só a volta dos irmãos que foram transferidos para a outra prisão”, disse um deles, em contato telefônico.

De acordo com o detento, que não quis se identificar, os grevistas pedem o retorno de oito dos 14 removidos e desmente a versão de que há desavenças entre o Primeiro Comando do Paraná e o Primeiro Comando da Capital. “As duas facções estão unidas e ambas promovem a segurança dentro da cadeia. Só não têm brigas e mortes aqui porque os líderes conversam com os presos e mantêm a paz. Não é a polícia que segura a cadeia e sim os próprios presos”, diz ele.

Reivindicações

Ainda de acordo com o detento, além da volta de oito dos removidos para Penitenciária Estadual de Piraquara (PEP), eles pedem também, que seja retomado o atendimento médico e odontológico; assistência jurídica para providenciar transferência de presos para seus estados de origem e verificação de processos daqueles que tem direito a remissão de pena ou indulto de Natal; atendimento psicológico e social; atendimento melhor para os dias de visita, principalmente para as crianças; permissão para banho de sol diário (dizem que só tem direito a duas horas por semana de sol), e trabalho.

“Não há como conseguir redução de pena porque não tem trabalho para nós”, queixou-se o interno, lembrando que a manifestação é pacífica. “Com a greve só nós nos prejudicamos e mais ninguém. Daqui há alguns dias vai morrer gente aqui dentro e a responsabilidade será da direção do presídio”, sentenciou ele.

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