Garotinha pode estar morta

A polícia não tem mais dúvidas de que o sargento Edson Prado, lotado no Grupo Águia da Polícia Militar, tenha assassinado a artesã Maria Emília Cacciatore Florêncio, 38 anos, e seja o responsável pelo desaparecimento da filha dela, Vivian Florêncio, 3. Na tarde de ontem, uma grande operação, envolvendo mais de 20 policiais da Delegacia de Homicídios, Centro de Operações Policiais Especiais (Cope) e do Serviço de Investigação de Crianças Desaparecidas (Sicride), foi desencadeada na tentativa de encontrar o corpo da criança. As buscas foram feitas na zona rural do município de Campina Grande do Sul, onde foi desovado, há três meses, o cadáver de Maria Emília. Mesmo com a ajuda de um cão farejador, nenhum vestígio da menina foi encontrado.

O ponto de partida para o início das buscas foi a cova rasa onde o corpo da artesã foi dispensado, às margens da estrada dos Queimados, a quatro quilômetros do centro do município. Mãe e filha desapareceram no dia 4 de março e o cadáver da mulher foi encontrado cinco dias depois, em avançado estado de decomposição. Daquele local os policiais de dividiram em equipes e percorreram, durante duas horas e meia, o raio de um quilômetro pela mata fechada. A operação contou com a importante ajuda de Lyon, um cachorro da raça Pastor Alemão, que foi treinado para encontrar cadáveres. Segundo o investigador do Cope, Alfredo Muller, responsável pelo adestramento do cão, o treinamento foi realizado através de tecidos que envolveram corpos putrefeitos. "Tive apenas duas semana para treiná-lo. Mesmo sendo um tempo recorde, e de Lyon não estar totalmente preparado, não tenho dúvidas de que se existisse um corpo aqui ele o encontraria", afirmou Muller. No local, os policiais avistaram apenas mechas do cabelo de Maria Emília e algumas roupas e calçados, que não pertenciam às vítimas. A operação foi acompanhada por um oficial de Justiça e pelos parentes de mãe e filha, que estranharam o fato das busbuscas estarem sendo feitas três meses depois que ambas sumiram. Segundo os policiais, o motivo foi que o mandado de busca e apreensão na área foi expedido apenas no mês passado, o que prejudica o trabalho, uma vez que o corpo de Viviam já pode estar decomposto. Mesmo assim, o delegado Luiz Alberto Cartaxo de Moura, titular da Delegacia de Homicídios, afirmou que outras buscas serão realizadas no local.

Crime

Mãe e filha desapareceram da Praça Tiradentes por volta das 20h do dia 4 de março, depois do encontro com o sargento para um pedido de pagamento de pensão alimentícia, uma vez que ele seria o pai de Vivian. Os investigadores acreditam que Prado as levou dentro da viatura caracterizada até Campina Grande do Sul, próximo a chácara do major do Grupo Águia, para qual Edson trabalhava como motorista. "Ele conhecia muito bem o caminho", afirmaram os policiais. Prado teria assassinado a artesã com um tiro na cabeça dentro do carro, à queima-roupa e, por não dispor de tempo e pelo fato da mulher ser pesada, dispensou o corpo às margens da estrada, em uma cova rasa. Em seguida, ele jogou cal sobre o cadáver para acelerar sua decomposição. "Uma hora e meia depois ele apanhou sua amante, também policial militar, no Centro Politécnico da Universidade Federal, para construir um álibi, porém, durante o interrogatório ela afirmou que achou estranho o fato de Prado estar com os sapatos sujos de barro e com folhas. Quanto à menina, não temos idéia do que possa ter acontecido", contou um dos investigadores do Sicride.

Para confirmar a autoria do crime, a polícia aguarda o resultado de perícias, que ainda não foram entregues, como as das roupas que ele vestia no dia 4; substâncias parecidas com cal, recolhidas na viatura, e o confronto da bala que matou a artesã com o revólver de Prado. O sargento continua detido no Centro de Observação Criminológica e Triagem (Cot), e segundo seu advogado, Luiz Antônio Moris, nega com veemência qualquer participação no crime.

Com o fim das buscas, o pai de Maria Emília e avô de Vivian, Luiz Ubaldino Florêncio, desabafou. "Só vou achar o corpo da minha neta ou saber o que aconteceu com ela quando ele resolver contar. Enquanto isso, as tentativas serão em vão, pois é como achar uma agulha no palheiro."

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