Gangues cometem 20% dos homicídios na capital

Mais de 20% dos 242 assassinatos ocorridos este ano em Curitiba foram cometidos por gangues. A informação é do delegado Agenor Salgado, titular da Delegacia de Homicídios.

Segundo ele, as gangues que mais preocupam são cinco: a “do Metal”, “do Vermelho”, “do Ronaldo” ou “do São Caetano”, a “dos Anjos” e a do “Beco da Gorete” ? as duas últimas são responsáveis por nove homicídios. “São grupos formados de cinco a dez rapazes que aterrorizam os moradores da periferia”, explicou.

Salgado disse que no trabalho desenvolvido pela delegacia notou que muitos dos integrantes trocam de gangue, quando parte do grupo é preso ou identificado. Ele explicou que entre os integrantes do grupo sempre há integrantes menores, que geralmente assumem os homicídios, quando um colega maior de idade é identificado como autor. “O menor sabe que não ficará muito tempo atrás das grades”, conta, acrescentando que a gangue ataca as pessoas que não se submetem às ordens e ameaças.

Ele disse que os bandidos usam o poder econômico para serem respeitados. “Em um lugar onde as famílias sobrevivem com um salário mínimo, quem tem R$ 100,00 no bolso se considera poderoso e aterroriza os outros”, frisou. “No Rio é diferente: lá uma mulher ou uma criança que trabalha para traficantes ganha uma média de R$ 300,00 por dia.”

Identificação

O delegado informou que os integrantes da Gangue do Beco da Gorete (responsável por vários assassinatos na região do Xapinhal e Sítio Cercado, zona sul) e da Gangue dos Anjos (apontada como autora de vários homicídios na Cidade Industrial), já começaram a ser desmanteladas. “Vários integrantes já estão presos e outros identificados”, relatou. Segundo Salgado, vários menores que integram a gangue do Metal foram recolhidos na Delegacia do Adolescente. Ele disse que a Delegacia de Homicídios pretende fazer o mesmo trabalho para identificar e prender os autores das outras gangues.

A gangue do Ronaldo, que age na Vila das Torres, foi denunciada por moradores que procuraram O Estado e depois prestaram depoimento na delegacia de Homicídios. Eles foram identificados como Renato Marques, o Renatinho, Márcio Antônio dos Santos Fernandes, o Marcinho, Ronaldo Neves de Lara, um rapaz chamado Inaldo e outro identificado como Alan, cujo o apelido é Dadal. O grupo é apontado como autor de vários assassinatos e tentativas de homicídio. Também é acusado de aterrorizar os moradores e cobrar pedágio, além de estar envolvido com roubos e tráfico de drogas.

Antigas gangues

O delegado comentou que na sua juventude, há 30 anos, as gangues tinham outros objetivo. Naquela época, havia em Curitiba a “Turma da Saldanha”, a “T.F. do Juvevê” e a “Gangue da Praça da Espanha”. “Eram formadas por jovens da classe média e brigavam por territórios”, lembra. “Agrediam-se mutuamente e brigavam por causa de mulheres, gostavam de estragar as festas dos rivais ? nada que incomodasse.” Segundo ele, hoje os integrantes das gangues são bem diferentes: são envolvidos com o tráfico, pequenos furtos, assaltos e são rapazes da periferia. “É um quadro que preocupa a sociedade, pois acabam tirando a vida de pessoas honestas e trabalhadores, que não se submetem às suas ordens”, lamentou.

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