Gangues atormentam segurança nas escolas

Um levantamento feito pela Polícia Militar aponta que o número de ocorrências policiais em escolas de Curitiba não aumentou expressivamente nos últimos anos. O tipo de infração, porém, mudou. Segundo o chefe do Estado-Maior da PM, coronel Itamar dos Santos, as gangues estão ameaçando a segurança em algumas escolas da cidade. Por causa delas, vários delitos são cometidos perto e até mesmo dentro dos estabelecimentos de ensino.

O coronel explica que o número de ocorrências aumentou proporcionalmente ao crescimento populacional da Região Metropolitana de Curitiba. Ele classifica essa situação como estável. Foram registradas, de janeiro até março deste ano, 418 ocorrências nas trezentas escolas da capital, entre municipais, estaduais, federais e particulares.

O que está realmente preocupando a polícia é o tipo de ocorrência. As mais comuns, segundo Santos, são arrombamentos, furtos, provocação de tumulto, brigas, atitudes inconvenientes e roubos. “É preciso deixar claro que nem todas as ocorrências atendidas são crimes”, ressalta. O coronel conta que vários desses atendimentos são abordagens a suspeitos realizadas quando a população ou funcionários da própria escola chamam a polícia. “O que mais preocupa é a atuação das gangues, que se posicionam perto das escolas”, explica.

De acordo com o coronel, esses grupos provocam brigas entre eles mesmos ou entre integrantes de gangues diferentes, envolvendo, em alguns casos, os próprios alunos. Além disso, elas também estão levando armas de fogo para perto das instituições de ensino. “Esses problemas estão sendo combatidos com a presença da polícia nas escolas”, revela. Em situações mais graves, caso de onze estabelecimentos da zona leste de Curitiba, o policiamento é fixo. “Não há explicação para essas escolas estarem na mesma região”, avalia. “Não significa que esses bairros sejam mais violentos: é uma coincidência, porque as gangues estão em toda a cidade.” A presença constante dos policiais – trinta homens no total – já dura dois meses e vai permanecer até que o problema na escola em questão seja resolvido.

A PM também está realizando uma operação a cerca de dois meses, em conjunto com fiscais da Prefeitura, em que a equipe, de 25 integrantes, visita bares próximos a escolas para uma averiguação completa. Entre os pontos verificados estão os jogos eletrônicos e a venda de bebidas alcoólicas. “Em alguns casos mais graves há ingestão de álcool pelos menores. Esses bares concorrem com as escolas durante o dia e a noite”, explica o coronel.

No levantamento da PM, foram registradas somente cinco ocorrências envolvendo drogas nos primeiros três meses do ano. “Na verdade, a gente sabe que a coisa existe, só que é difícil pegar em flagrante”, avalia o coronel Itamar. “Quando a viatura passa nas escolas, afugenta os alunos e os vendedores.”

Para facilitar a ação da polícia, foi criado um canal de comunicação entre as escolas e os tenentes responsáveis pelo policiamento no bairro. “As ocorrências devem ser passadas para o 190. Esse canal encurta o caminho para os diretores passarem informação para a PM”, lembra.

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