Gangue espalha terror na Vila das Torres

Tiros, ameaças e cobrança de pedágio. Uma gangue intitulada “São Caetano” ou “turma do Ronaldo” está espalhando o terror na Vila das Torres e expulsando famílias. De acordo com moradores, eles matam qualquer um por motivo fútil, simplesmente porque “não foram com a cara”. A gangue seria responsável por vários assassinatos e tentativas de homicídio na região, onde comanda o tráfico de drogas. Entre os crimes, está o do desempregado Diones de Oliveira, conhecido como “Zóio Verde”, 19 anos, executado com três tiros no peito às 14h de quinta-feira, na porta de sua casa, na Rua Rui Ferraz de Carvalho. “As pessoas de bem estão abandonando imóveis, largando tudo para trás, para não morrer”, denunciou uma moradora. Ela própria foi vítima do bando. Há dois meses, os bandidos atearam fogo em sua casa na Rua Irineu Adame, 319. Dois de seus filhos já foram baleados e ela teve uma arma apontada para a cabeça várias vezes.

A mulher diz que o único integrante do grupo que mora na Vila é Renato Marques, o “Renatinho”. O chefe seria Ronaldo Neves de Lara, que possui duas casas. Uma no bairro Cajuru e outra no Boqueirão. Também fazem parte da patota: Inaldo, Marcinho e Alan, mais conhecido como “Dadal”. O último mora na Borda do Campo, em São José dos Pinhais, mas age na Vila das Torres. De acordo com testemunhas, ele é o autor da morte de Diones. “A gangue não tem medo de ninguém. Polícia, dizem que compram. Temos medo de procurar a polícia e depois matarem nossa família. Eles pagam para saber quem são os delatores”, ressaltou outra moradora. Há pouco tempo ela presenciou o atentado contra seu irmão, junto com as duas filhas. “Foi o Renatinho. Eles não tiveram piedade e deram três tiros na frente das minhas duas filhas pequenas”, lembrou. Os disparos atingiram a barriga e as pernas do rapaz, que não morreu, mas ficou impossibilitado de catar papéis. Na época também não foi registrado boletim de ocorrência. “Ficou por isso mesmo. Minha filha também levou vários tiros na perna quando estava grávida. Felizmente ela se recuperou e o bebê nasceu sem problemas”, relatou a mulher.

Ela garantiu que sua família é trabalhadora e não tem envolvimento com drogas ou furtos. “Tudo começou porque tenho um filho que é deficiente mental e acabou mexendo com eles. O `Renatinho’ queria matá-lo. Para evitar problemas mandei ele para São Paulo. Não adiantou, eles continuaram perseguindo a minha família e deixamos tudo para trás”, lamentou. Ela lembra que há quarenta anos, quando fez sua casa na vila, havia apenas cinco barracos, cobertos com lonas. O barraco virou casebre e com sacrifício um sobrado. “Agora tivemos que deixar tudo. Não temos onde morar e nem dinheiro para comprar comida. Papel não podemos catar”, desabafou. “Eu trabalhava de diarista. Agora não posso. As minhas patroas não querem porque temem que eles invadam a casa delas para me matar”, acrescentou.

Nem o resto da casa, a família pode vender. O valor seria R$ 15 mil, mas a “gangue do Ronaldo” já avisou que para vender tem que pagar R$ 10 mil de pedágio. Tudo está abandonado e a família sem teto. “Nem sabemos o que fazer de nossas vidas. Não queremos morrer. Por isso procuramos a Tribuna, disse uma das denunciantes, com lágrimas nos olhos. “Assim como nós muita gente abandonou suas casas com medo da morte”, salientou.

Outra mulher, que também prefere não se identificar porque ainda reside na Vila das Torres, explicou que os moradores não confiam na polícia, já que “Renatinho” diz que “compra todo mundo”. “Ele foi preso depois do assassinato do Diones. Hoje (ontem) de manhã apareceu na vila se vangloriando e contando que tinha pago R$ 3 mil e entregado uma Jog a um policial, para colocá-lo em liberdade”, relatou.

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