Julgamento

Fugitiva é condenada por tentar matar o ex-marido

Por sete votos a zero, o corpo de jurados do Tribunal do Júri de São José dos Pinhais condenou Rosana Grein, 35 anos, a 11 anos e oito meses de reclusão em regime fechado, pela tentativa de assassinato do ex-marido Nilton Sérgio Saciotti, 51, ocorrida há sete anos, naquele município.

A sentença foi lida pela juíza Luciane Regina Martins de Paula, às 19h30 de ontem, sem que a ré estivesse presente. O julgamento teve início às 13h. Rosana não foi encontrada para receber as intimações (sequer compareceu nas últimas audiências do processo) e foi julgada à revelia.

Seu defensor, Hugo Fernandes Lutke Santos, nomeado pelo Estado, não teve nenhum contato com ela. Baseando-se no processo, ele só pôde pedir aos jurados que a considerassem insana. Já na abertura dos trabalhos, ele requereu à juíza que fosse feito exame de sanidade mental na acusada. Porém, o pedido não foi aceito.

Policial

As testemunhas de defesa não foram encontradas para intimação. Duas testemunhas de acusação foram ouvidas: o policial civil Delmar David de Oliveira, que realizou as prisões dos dois rapazes contratados por Rosana para o crime, e dela própria; e um ex-guardador de carros que foi o primeiro a ser convidado pela ré para matar o marido dela.

Os autores do crime, “Leandrinho”, que na época tinha 16 anos, e “Jorge Tadeu”, como era conhecido Claudemir dos Santos, também foram intimados, porém não compareceram.

O primeiro, segundo informado no Tribunal, está em cadeira de rodas, após sofrer acidente de bicicleta. O segundo, que deveria ir a júri com Rosana, entrou com pedido em instância superior para não ser julgado, sob a alegação de que foi obrigado por “Leandrinho” a participar do crime.

Justiça

Ontem, quando a sentença foi lida, Saciotti se disse satisfeito com a punição e espera que Rosana seja localizada em breve para começar a cumprir sua pena. “Daqui pra frente é começar vida nova”, afirmou, enquanto ligava para o filho de 12 anos, para informá-lo da condenação.

Promotor nega tese de insanidade

O promotor Carlos Leprevost, que atua na Vara Cível e foi sorteado para realizar o júri de Rosana Grein, convenceu os jurados que ela é uma mulher perigosa, fria e que não mede esforços para conseguir o que quer, explorando não só as confissões dos dois rapazes contidas no processo, mas também o depoimento de Saciotti, que forneceu detalhes das tramóias de Rosana.

Ela tentou matá-lo por três vezes e não conseguiu. Contratou “Leandrinho” e “Jorge Tadeu” para simular um assalto e assassiná-lo. Saciotti, que era apresentador de TV, levou quatro tiros na cabeça, todos à queima-roupa, e sobreviveu.

Uma das balas atravessou a base da nuca e as outras três ficaram alojadas na caixa craniana, sem atingir o cérebro. Como sequela ficou surdo do ouvido direito. Após 12 dias hospitalizado, recuperou-se totalmente.

Por várias vezes o promotor lembrou aos jurados que Rosana “não é louca”, argumentado que em todo o processo não havia nenhum indicativo que ela “rasgava notas de R$ 100”. “Ela é ardilosa e com inteligência acima do comum, só que a usa para o mal”.

Novo júri, agora por roubo

Em setembro, Rosana deverá ser submetida a novo julgamento, desta vez em Curitiba, na 5.ª Vara Criminal, acusada de roubo. Quatro meses depois de ter mandado matar Saciotti, ela tentou assaltar uma loja de roupas, em um shopping no centro.

Depois de escolher várias peças, tentou render a vendedora com uma faca. Funcionários do shopping a dominaram, trancando-a num banheiro até a chegada dos seguranças e da polícia.

Naquela ocasião Rosana estava com o filho, então com 5 anos (ela deveria tê-lo levado ao dentista), e chegou a pedir ao garoto que lhe batesse no rosto com o cesto d,e lixo do banheiro para que, na delegacia, pudesse dizer que tinha sido agredida pela polícia. Desde então o menino tem pavor da mãe e evita até falar o nome dela.