Por pouco os 163 presos recolhidos no xadrez da delegacia de São José dos Pinhais não escaparam na madrugada de ontem. Eles serraram as grades que dá acesso ao solário, onde pretendiam subir com ajuda de uma "teresa" (corda feita de panos), para serrar as grades e ganhar as ruas através do telhado da delegacia. A fuga foi descoberta no início da noite de terça-feira, pelos plantonistas.
Todos os presos e as celas foram revistadas. Serras, estoques e até telefones celulares foram recolhidos. O delegado Osmar Dechiche, titular da DP, disse que os próprios presos denunciaram que os telefones entraram durante as visitas semanais de familiares. "As mulheres encapam os celulares com camisinhas, colocam nos órgãos genitais e passam para dentro do xadrez", relatou o delegado. Ele disse que a filha de um dos detentos, de 16 anos, foi flagrada há poucos dias quando tentava entrar com um aparelho. "Revistamos todos os familiares, mas mesmo assim, às vezes eles conseguem passar alguma coisa", comentou Dechiche.
Em poucos dias já foram detectadas duas tentativas de fugas. "Eles estavam reprogramando a fuga para domingo, mas estamos trabalhando para impedir qualquer ação", avisou o delegado, ressaltando que enquanto aguardam o término das obras do novo "cadeião", os policiais deixaram de fazer investigações para cuidar dos presos. "Sabemos que os objetos usados nas fugas entram através das visitas, mas não podemos tomar nenhuma medida drástica. Isto poderia resultar em uma rebelião", alerta.
O policial acredita que os presos estão tentando escapar porque em breve todos serão transferidos para o Centro de Detenção Provisória de São José dos Pinhais, no Guatupê, que terá capacidade para 900 detentos, sendo a preferência para os presos da delegacia local. "Lá, eles não terão muitas chances de escapar", salientou Dechiche.
Delegado tem projeto pra nova delegacia
Com a remoção dos 163 detentos da delegacia de São José dos Pinhais, o delegado Osmar Dechiche sonha com a ampliação da delegacia. "Vamos colocar as obras em execução com a ajuda da Prefeitura local, do governo do Estado e da comunidade", planeja.
Dechiche informou que as obras de ampliação da delegacia deverão iniciar após a remoção dos detentos para o Centro de Detenção Provisória de São José dos Pinhais. O delegado já providenciou o projeto da nova delegacia. Ele explica que pretende transformar o atual solário em duas salas para delegados. O xadrez dará lugar aos cartórios. "Vamos manter apenas celas para que os presos permaneçam na delegacia para realizarmos diligências e interrogatórios", frisou o policial.
Cadeião está quase pronto
O diretor do Centro de Detenção Provisória de São José dos Pinhais, José Guilherme Assis, informou que as obras da cadeia já estão em fase final. "São três blocos independentes, com capacidade para 300 presos em cada um", contou.
Assis, que já foi desligado do Centro de Observação e Triagem (COT), para comandar o novo "cadeião", informou que está trabalhando no dimensionamento de pessoal. Ele disse que aproximadamente 160 agentes penitenciários, aprovados no último concurso público, serão responsáveis pelo controle e guarda dos detentos. O sistema de segurança do Centro de Detenção será o mesmo adotado pela Casa de Custódia, na Cidade Industrial, na Prisão Estadual de Piraquara (PEP) e no Centro de Triagem II. "Os presos serão uniformizados. Visando a qualidade de saúde dos detentos o consumo de cigarros será proibido", salientou.
O diretor conta ainda que uma ala do novo presídio será destinada aos presos especiais, como policiais civis e militares e com curso superior. Hoje, esses detentos estão recolhidos no Centro de Observação e Triagem (COT), no Batalhão de Polícia de Guarda (BPGD) e na Delegacia de Furtos e Roubos de Veículos.
Segundo Assis, com a inauguração do presídio a maioria dos presos que está recolhida em cadeias de delegacias da capital e Região Metropolitana serão removidos para o local.