Como se não bastasse todos os escândalos envolvendo o governo federal, com a Lava Jato, a fumaça começou a ficar preta também para o governo do Paraná. O Núcleo de Repressão a Crimes Econômicos (Nurce) da Polícia Civil prendeu cinco pessoas durante a primeira fase de uma operação que investiga supostos desvios de recursos públicos em obras de escolas da rede pública estadual.

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Cinco pessoas foram presas – em caráter temporário, de cinco dias –, entre elas o ex-diretor do Departamento de Engenharia, Projetos e Orçamento (Depo) da Secretaria Estadual de Educação (SEED), Mauricio Jandi Fanini Antonio, 50 anos, que estaria com contratos envolvendo a empresa Valor Construtora e Serviços Ambientais. Os policiais cumpriram ainda nove mandados de busca e apreensão.

As outras quatro pessoas presas junto com Fanini são da empresa Valor e todos teriam envolvimento com os desvios. A sócia-proprietária da empresa, Vanessa Domingues de Oliveira, 36; a engenheira Viviane Lopes de Souza, 45 anos; o procurador Eduardo Lopes de Souza, 44 anos e a ex-sócia da empresa, Tatiane de Souza, de 37 anos.

Na residência dos suspeitos foram apreendidos notebooks, computadores, pendrives, celulares e mais de R$ 5 mil. Os policiais também encontraram documentos referentes ao patrimônio dos envolvidos. Já no mandado de busca e apreensão cumprido na sala do ex-diretor do Depo, na SEED, foram apreendidos contratos envolvendo a empresa investigada.

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Esquema 

A operação, intitulada de “Operação Quadro Negro”, teve inicio depois de uma auditoria que começou na própria SEED. Segundo informado pela polícia, os engenheiros assinavam os documentos que garantiam a evolução das obras, recebiam por elas, mas elas não ainda estavam prontas.

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Exemplo de escolas que estão na mira das investigações são dois colégios em Campina Grande do Sul, na região metropolitana de Curitiba. Assinados em 2013, os contratos estabeleciam a construção do Colégio Estadual Jardim Paulista e do Colégio Estadual Ribeirão Grande, que praticamente não saíram do papel. A empresa recebeu cerca de R$ 9 milhões com as “obras”.  

As informações são de que os superiores tiveram conhecimento dos fatos no ano passado, mas que faziam vista grossa. O prejuízo, conforme estimativa da Polícia Civil é de que a empresa tenha recebido de R$ 24 a R$ 25 milhões, em pelo menos 10 contratos – de 2011 a 2014 –, que estão sendo investigados. A maioria dos serviços em que a empresa recebeu não foi executada.

Próxima fase

A polícia vai investigar ainda uma denúncia de que Fanini receberia cerca de 2% por cada documento assinado, para apressar o andamento do pagamento. Na próxima fase das investigações, os policiais devem ainda analisar toda a documentação apreendida e apurar também suposto enriquecimento dos envolvidos, para descobrir se isso tem ou não relação com os desvios.

Os detidos devem ser indiciados por associação criminosa, tentativa de fraude à licitação, falsidade ideológica e peculato. A polícia não descarta possibilidade de que existam mais pessoas envolvidas no esquema. 

A reportagem do Paraná Online procurou a SEED e aguarda retorno. O advogado de Fanini, Gustavo Scandelari, disse à reportagem da Gazeta do Povo que a operação corre em sigilo e que, por isso, não pode fazer comentários a respeito. O advogado da Valor Construtora, Claudio Dalledone Junior, não atendeu às ligações.