Picaretagem milionária

Fraude envolvendo cursos à distância pode chegar a R$ 50 milhões

Com a organização não governamental (ONG) que fundou, Marcos Aurélio Paterno, 67 anos, e seus familiares, levavam uma vida muito boa e farta, mas que está com os dias contados. Eles são suspeitos de lavagem de dinheiro, no golpe que pode alcançar a cifra de R$ 50 milhões. Uma das vítimas foi a Universidade Federal do Paraná (UFPR), que pode ter sido lesada em R$ 25 milhões.

Ontem pela manhã, o Centro de Operações Policiais Especiais (Cope) prendeu 24 suspeitos de envolvimento com o golpe, durante o cumprimento de 64 mandados de busca e apreensão e 33 de prisão temporária. O Cope começou a investigar a ONG há cinco meses e há indícios que a fraude ocorra há seis ou sete anos.

Segundo o delegado Cassiano Aufiero, Marcos fundou a Instituto Tecnológico de Desenvolvimento Educacional (ITDE) há alguns anos. A organização nasceu na Faculdade de Pinhais, devidamente regularizada para oferecer e gerenciar cursos de ensino superior à distância. Foi pela própria diretoria da faculdade, que desconfiou do golpe. A instituição teve prejuízo de R$ 10 milhões.

Desvios

O delegado explicou que a organização desviava dinheiro de várias formas. Numa delas, por exemplo, 30 alunos se matriculavam para determinado curso e pagavam as mensalidades. Mas cerca de 30% das matrículas não eram registrados formalmente e a ONG embolsava o dinheiro das inscrições e mensalidades.

O ITDE não tem autorização do Ministério da Educação para funcionar e mesmo assim firmava parcerias com faculdades e universidades. Pelos convênios, as fraudes eram cometidas pela compra de notas fiscais, da apuração de resultados financeiros e na criação de empresas de fachada para a transferência do dinheiro. O Cope encontrou várias dessas empresas, criadas por Marcos em nome de “laranjas”. O golpista também declarava um salário a seus funcionários, mas pagava menos.

Aperto

Com o dinheiro desviado, Marcos e seus familiares tinham uma vida boa. “Eles faziam saques diários sem origem de despesa. Toda a família dele também fazia despesas altíssimas com os cartões de crédito corporativos”, explicou o delegado Hamilton da Paz, titular do Cope.
Marcos foi preso ontem pela manhã em seu apartamento, no Juvevê. Passou mal e precisou ser hospitalizado. As outras 23 pessoas foram presas em Curitiba, Pinhais, Campo Largo, São José dos Pinhais, Colombo, Paranavaí, Ortigueira e Dois Vizinhos.