Força-tarefa prende quadrilhas que agiam com conivência de policiais

A força-tarefa entre a polícia paranaense e o Grupo de Atuação Especial e Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público Estadual, prendeu, na manhã desta quinta-feira (25), 23 pessoas, suspeitas de integrar três quadrilhas envolvidas em extorsão, roubo e tráfico de drogas. Entre os detidos estão policiais civis e militares de Arapoti, na região dos Campos Gerais.

Foram expedidos 24 mandados de prisão pela juíza da comarca da Arapoti, Fabiana Matie Sato. Destes, 23 foram cumpridos em Curitiba, Sengés, Jaguariaíva, Arapoti, Castro, Piraí do Sul e Pontal do Paraná. Um suspeito permanece foragido. Durante a operação foram apreendidas sete armas de fogo.

“Agimos com muito rigor como fazemos em todos os casos de corrupção. Prendemos esses homens, que fingiam ser policiais para agir como bandidos. Eles serão banidos da polícia, para que sirva de exemplo para outros que já pensaram na possibilidade de usar a profissão de policial para cometer crimes”, enfatizou o secretário da Segurança Pública, Luiz Fernando Delazari.

As investigações começaram em julho deste ano, pelo Ministério Público do Paraná, que recebeu denúncias de corrupção e tráfico de drogas. As denúncias chegaram até a promotora de Justiça Caroline Demantova Ferreira, que passou a acompanhar o caso. De acordo com o MP, as primeiras evidências confirmavam a participação de policiais e, por isso, o caso passou a contar com o apoio do Gaeco, em Curitiba. O trabalho contou com apoio da Secretaria da Segurança Pública.

“Ao intensificarmos as investigações descobrimos que as autoridades policiais locais eram coniventes com o crime. Por isso se fez necessária uma ação mais enérgica para podermos dar uma satisfação a população da região” explicou a promotora Caroline.

Quadrilhas

As investigações identificaram três quadrilhas de traficantes de drogas, sendo uma delas formada por policiais militares e civis. Segundo os promotores, um dos envolvidos, é dono de uma barraca de sucos, na PR-090, que servia como ponto de tráfico de drogas. Segundo o que foi apurado, as pessoas, quando faziam uma breve parada no local, tinham os objetos furtados dos veículos. Outras vítimas eram atraídas para um jogo de azar, no local, onde eram enganadas e perdiam boa parte do dinheiro que tinham. Quando se negavam a pagar, eram ameaçadas.

Ainda segundo as investigações, enquanto as vítimas se dirigiam para a delegacia de Arapoti para prestar queixa, o dono da barraca avisava os policiais. Ao chegar à delegacia, as vítimas registravam boletim de ocorrência. “Os policiais registravam as ocorrências apenas para dar satisfação às vitimas. Quando elas iam embora o boletim era destruído”, disse a promotora Marla Freitas do MP.

O dinheiro conseguido no jogo e na venda dos produtos furtados era repartido com os policiais. Os promotores apuraram que os agentes também mantinham relações com traficantes que agiam em toda região. Mesmo com muitas denúncias, eles atuavam livremente.

Todos os envolvidos vão responder por formação de quadrilha, tráfico de drogas, roubos e extorsão. Os agentes públicos respondem também por corrupção. Os policiais militares foram removidos para o Centro de Observação e Triagem (COT). Já os policiais civis, após prestarem depoimentos, ficaram detidos na Delegacia de Furtos e Roubos de Veículos de Curitiba. Os demais serão transferidos para a cadeia de Ponta Grossa.