Fim das regalias. Buba transferido para o COT

As poucas regalias que o ex-BBB Edilson Buba, 33 anos, ainda mantinha quando estava recolhido na delegacia de São José dos Pinhais, como as corriqueiras visitas de advogados, amigos e parentes, chegaram ao fim. Na tarde de ontem, ele foi transferido para o Centro de Observação Criminológica e Triagem (COT), em Curitiba, onde ficam os detentos que aguardam julgamento ou transferência.

Buba chegou ao COT às 17h15, acompanhado de policiais e do advogado Mardem Maues. Para não chamar atenção, ele foi levado em um Gol branco, com os vidros cobertos por película escura e sem a caracterização da Polícia Civil. O advogado dele disse não entender porque o juiz da 2.ª vara criminal de São José dos Pinhais, Roberto Negrão, solicitou a transferência. “Fomos surpreendidos no começo da tarde pela decisão do juiz, que justificou a saída dele da delegacia como forma de preservação de sua integridade física. Em nenhum momento nós pedimos isso e aqui a situação se agrava, pois estão presos homens condenados junto com os que esperam decisão judicial. Buba está preso como qualquer outro, sem nenhuma vantagem”, disse o advogado.

O defensor do empresário comentou, ainda, que ele está bastante nervoso e que o tempo que Buba ficará detido na nova carceragem é indeterminado. “Na segunda-feira vamos solicitar o habeas corpus, mas não há previsão de quando receberemos uma resposta da Justiça”, lamentou.

Delegado

Já o delegado Agenor Salgado Filho, chefe da Divisão Metropolitana, informou que o delegado Osmar Dechiche solicitou a transferência de Buba, devido aos transtornos que sua estada vinha causando na delegacia. “A permanência dele estava tumultuando os trabalhos corriqueiros da polícia. Ele vinha recebendo muitas visitas, principalmente dos advogados. Agora ele vai ter que se adequar à rotina, como os outros presos. Para nós, trata-se de um preso comum, recolhido sob a acusação de tráfico, que é crime hediondo”, explicou Salgado.

Ele lembra ainda que a lei n.º 6.368/76, que tipifica o tráfico de drogas, não específica a quantidade. “No caso do Buba, ele é dono de bar. E é justamente em locais como boates e festas “rave” onde o consumo de ecstasy é maior. Além disso, o fato ocorreu no aeroporto”, salientou Salgado.

O delegado Osmar Dechiche, titular de São José dos Pinhais, justificou os transtornos. “O telefone toca o tempo todo, mas não para solicitar o trabalho da polícia e sim para saber como está o Buba”. Dechiche também temia que a permanência de uma “celebridade” em seu xadrez pudesse motivar uma rebelião, mesmo que ele estivesse em uma cela especial, com apenas mais quatro presos, separados dos demais 146 detentos. “Como o Buba é famoso, podiam tomá-lo como refém”, disse.

De banheira de ofurô a chuveiro com água fria

O luxo e o conforto que Edilson Buba desfrutou enquanto participou do Big Brother Brasil ficarão guardados apenas na memória, bem distantes da atual realidade. Assim que foi transferido para o Centro de Observação Criminológica e Triagem (COT), ele recebeu um manual de normas do sistema, onde constam os direitos e deveres do preso. Com isso Buba será obrigado a se adaptar às novas regras, que não são nem um pouco amenizadas pela efêmera fama que conquistou.

De acordo com o diretor do COT, José Guilherme Assis, a cela em que Buba está é trancada por uma porta de ferro e dentro dela há apenas uma lâmpada, um colchão, que deverá ser estendido somente à noite, um vaso sanitário e um chuveiro com água fria. Ele ficará sozinho até que seja concluída a avaliação de chegada. Depois disso Buba deve receber a companhia de outros detentos. Durante a avaliação criminológica ele será atendido por vários profissionais, incluindo os da área médica. E cadastrado, quando então será fotografado e terá suas impressões digitais coletadas.

Comida

Quanto à alimentação, ele receberá uma xícara de café com leite e um pão pela manhã e duas marmitas, uma no almoço e outra no jantar. Durante os dez primeiros dias, Buba não poderá receber visitas da família. Depois desse período, as visitas serão feitas aos domingos, entre as 8h30 e 12h. Entretanto, o diretor da prisão acredita que sua permanência no COT deverá ser curta. “Acredito que logo ele seja transferido para uma das unidades penais para presos provisórios, como a Casa de Custódia ou a Prisão Provisória de Curitiba (Ahu)”, disse Assis.

Sem fama, motoboy está há 72 dias em cana

Uma história parecida com a do ex-BBB Edilson Buba está sendo vivida pelo desconhecido motoboy Jeferson Coelho de Andrade, 26 anos. Preso no dia 17 de janeiro, sob a acusação de tráfico de drogas, ele está recolhido no xadrez do 3.º Distrito (Mercês). Como os advogados de Buba, a advogada do rapaz também tenta desqualificar o crime para uso de entorpecentes. Jeferson conta que foi preso por policiais militares em frente à casa dele, no Jardim das Américas. “Eu não tinha nada. Eles entraram dentro da minha casa e falaram que tinha 25 pedras de crack e dez de cocaína. Foi flagrante, mas forjado”, alegou. “Eu sou usuário e não traficante. Não tinha tudo aquilo”, completou.

Apesar de estar recolhido junto com outros 164 detentos, em um local onde caberiam apenas 40, Jeferson não reclama da comida nem do lugar. “Tenho pena da minha mãe que está sofrendo muito. Eu ainda vou sair daqui e provar que sou usuário”, disse. Apesar de estar preso há 72 dias, Jeferson ainda não foi em nenhuma audiência. “Vou falar com o juiz no dia 12. Acho que vai dar certo, ele vai me por na rua”, disse, referindo-se à sua primeira audiência. “Tem gente que cai com muito mais e não fica muito tempo preso.”

Quanto à prisão de Buba, o motoboy preferiu não falar sobre o assunto. “Sei muito pouco do que acontece lá fora.”

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