Extinto grupo de elite da Polícia Militar

O governador do Paraná, Roberto Requião, anunciou ontem a dissolução do Grupo Águia (Ação de Grupo Unido de Inteligência e Ataque) da Polícia Militar (PM). O anúncio foi feito durante a reunião da operação “Mãos Limpas”. Requião determinou ainda uma reformulação da P-2, o serviço de inteligência da PM. O objetivo destas mudanças é recuperar a vinculação de ambos os grupos com o comando da PM e com o próprio governo. O governador disse estar insatisfeito com o destino que o Águia e a P-2 tomaram, agindo como forças paralelas dentro da polícia, devido ao fortalecimento que tiveram nos últimos anos.

O comandante-geral da PM no Paraná, coronel David Antônio Pancotti, explicou que a extinção do grupo Águia não implicará na extinção das ações desenvolvidas pelo grupo. “A PM continuará combatendo o crime organizado. A diferença é que agora isto será feito numa instituição macro, dentro da Agência Central de Inteligência, e não micro como ocorria, reduzido apenas a um grupo distinto”, explicou. Pancotti afirmou ainda que a reformulação da P-2 permitirá a revitalização das ações de fiscalização do público interno da polícia, sem deixar de lado o combate ao crime organizado.

O projeto de unificar os trabalhos do serviço de inteligência da PM é antigo. Segundo o chefe da comunicação social da PM, tenente-coronel Mauro Pirolo, foi sugestão do próprio comando da polícia extinguir o Águia. “Havia uma preocupação no comando porque a fiscalização do público interno carecia de reforços. Incorporando o Águia à P-2, vamos aumentar o efetivo destinado a este serviço, permitindo ainda que as ações de combate ao crime organizado sejam feitas em conjunto com a Polícia Civil, conforme a orientação da Secretaria de Segurança Pública, para que as polícias trabalhem de forma integrada”, disse Pirolo.

Secreto

A P-2 é a Agência Local de Inteligência da PM, o chamado serviço reservado. Ela é um braço da PM2 – Agência Central de Inteligência da Polícia – e está presente em todos os batalhões da PM. É atribuição da P-2 fazer o levantamento de áreas para o emprego do policiamento ostensivo e também fiscalizar o público interno. Em outras palavras, o grupo é responsável pelo serviço de inteligência da PM e funciona também como uma espécie de corregedoria interna.

Já o Águia era um braço da P-2 e agia de maneira autônoma. Criado em outubro de 1998, tinha o objetivo inicial de combater assaltos a ônibus e roubos de carga no Estado. Depois, o grupo foi ampliando seu leque de atuações, agindo principalmente no combate ao crime organizado. O Águia nunca teve efetivo fixo e o número de homens destinados ao grupo dependia da ação que estivesse sendo feita.

Com a reformulação anunciada pelo governador, o Águia será incorporado à P-2, ficando a cargo da Agência Central de Inteligência da PM o controle das ações antes exercidas de maneira distinta pela P-2 e pelo Águia.

Requião disse ontem que a prisão do tenente-coronel Valdir Copetti Neves – acusado de formar milícias armadas para atuar contra sem terra em Ponta Grossa – foi a gota d’água para extinção do Águia. É que só depois das investigações da Polícia Federal (PF) se descobriu que Neves cumpriu diversos mandados de reintegração de posse na época que chefiou o Águia, sendo que esta não era uma atribuição do grupo.

Equipe de PG não tinha ligações com Neves

O comandante do Grupo Águia Núcleo II, de Ponta Grossa, tenente Rogério Gomes Pitz, divulgou uma nota oficial ontem, informando que o Águia deixou de funcionar já na semana passada na região dos Campos Gerais. Ele disse ainda que o núcleo II existia há três anos e nunca teve qualquer vínculo com o tenente-coronel Valdir Copetti Neves, que chefiou o Águia até o ano 2000.

“Todas as ações do Núcleo II foram marcadas pela lisura, sempre dentro dos limites legais. E quando a situação almejava, para melhor atendimento de uma ocorrência, era solicitado a presença de um representante do Ministério Público, demonstrando assim que os atuais integrantes do Grupo Águia estão comprometidos com o que preceitua a legislação, em especial, os direitos humanos dos presos e principalmente o das vítimas desses crimes”, disse Pitz.

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