Estudante encontrada morta em quarto de hotel

A música que ecoava do quarto 302, em um hotel de alta rotatividade no centro de Curitiba, serviu para abafar os gritos de socorro de uma jovem, na noite de quinta-feira. Karina Munhak, 23 anos, uma bela moça loira, alta e bem vestida, foi encontrada morta, sentada no vaso sanitário do banheiro do pequeno quarto, com um lençol envolto no pescoço e com os seios à mostra. A cena, previamente montada pelo assassino para forjar um suicídio, revelou em pouco tempo um assassinato. Os funcionários do hotel afirmaram que não viram nenhum homem deixar o local, mas uma moradora prestou atenção quando a vítima chegou, acompanhada por um homem. Ela descreveu as características do suspeito à polícia.

No final da tarde de ontem, os investigadores da Delegacia de Homicídios chegaram até o marido da jovem. Tido, a princípio, como suspeito, ele foi encaminhado à delegacia e ouvido pelo delegado Átila da Rold Roesler. Sabendo da morte da mulher pelo policial, ele afirmou que a última vez que viu a esposa foi na tarde de quarta-feira, quando ela levou para ele o uniforme com que jogaria uma partida de futebol. Preocupado com o desaparecimento, ele passou a procurá-la em casa de parentes e amigos. Revelou que o relacionamento de ambos era conturbado – apesar do casal ter dois filhos, de 4 e 6 anos. Ele também contou que a mulher às vezes passava a noite fora de casa, o que o fazia suspeitar que ela tinha um caso extra-conjugal.

Além da testemunha que descreveu o suspeito à polícia não tê-lo reconhecido, ontem, na delegacia, o marido também apresentou uma lista com mais de 20 nomes de pessoas que estavam com ele na noite do crime, durante uma reunião de trabalho. O álibi praticamente o descartou da condição de suspeito.

Acompanhado por investigadores e por um advogado, o marido foi então ao Instituto Médico Legal (IMl), onde reconheceu o corpo de Karina. À noite ele foi novamente ouvido pelos policiais da Homicídios para prestar informações que pudessem auxiliar nas investigações.

“A jovem morta era estudante de um cursinho pré-vestibular da capital e agora vamos conversar com os amigos dela e demais conhecidos, pois certamente alguém de seu convívio conhece o assassino e poderá nos ajudar”, disse o delegado Átila.

História parece filme de horror

O misterioso encontro que levou Karina Munhak, 23 anos, à morte, teve início às 18 horas, quando a vítima chegou no Hotel Rheno, na Rua Pedro Ivo, centro de Curitiba, acompanhada pelo provável assassino. A recepcionista havia saído do local para comprar passagens para um cliente e deixado uma camareira em seu lugar. De acordo com a funcionária, o casal pediu a chave de um quarto e subiu até o terceiro andar do prédio, prometendo voltar para fazer o registro de estadia, caso aprovassem as instalações. Cerca de uma hora depois, o recepcionista Flávio de Lira assumiu o plantão e notou que a chave do apartamento não estava na portaria, e que não havia registro de hospedagem no respectivo quarto. Ao perceber que havia algo estranho, ele pediu que a camareira fosse até o quarto e batesse na porta, mas como a televisão estava ligada e o som do rádio bastante alto, ninguém atendeu seu chamado. Flávio então desligou o som do comando da recepção e a camareira retornou a chamar os hóspedes, mas novamente não houve resposta. O recepcionista deu a chave reserva à funcionária e, por volta das 21h40, ela entrou no quarto, encontrando a mulher semi-nua, morta no banheiro. “A camareira interfonou apavorada, dizendo que havia uma mulher morta lá dentro e daí chamei a polícia”, contou Flávio.

Suspeito

Quando a polícia chegou no local, encontrou o quarto revirado. Sobre a cama, os sapatos de salto alto de Karina misturavam-se com o sangue dela. A bolsa da jovem também estava revirada e nenhum documento que a identificasse foi encontrado. A mulher estava sentada no vaso sanitário, com a blusa na cintura, os seios à mostra, e com o lençol sobre o rosto, dando a aparência de que ela tinha cometido suicídio por enforcamento. “Certamente ela foi assassinada, pois há várias marcas de esganadura no pescoço dela”, afirmou o perito criminal Carlos Henrique.

Em relação ao assassino, os funcionários afirmaram que não viram ninguém sair do hotel, porém os olhares atentos de uma moradora do hotel poderão ser de grande valia à polícia. “Eu estava na porta e vi quando o casal chegou. Chamou-me a atenção porque eles eram muito bonitos e estavam bem vestidos. O rapaz aparentava ter uns 30 anos, tinha estatura média, era moreno e tinha cavanhaque. Ele vestia uma blusa azul e uma calça preta”, descreveu a mulher.

Outro detalhe desperta a atenção da polícia. A moça, que vestia um conjunto social de calça e blusa cinza e sapatos pretos, tinha uma aliança na mão direita, que supostamente indicava ser noiva de alguém. No entanto, mais tarde, foi descoberto que ela era casada, sendo a aliança colocada na mão errada mais um fato intrigante para a polícia investigar.

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