Estourado “cemitério” de carros em Rio Branco do Sul

Um novo cemitério de peças de veículos com procedência suspeita foi estourado terça-feira à tarde pela delegacia de Almirante Tamandaré. Os pedaços de carros e camionetas, sem numeração que indicassem sua origem, estavam numa chácara no bairro Assungui, zona rural de Rio Branco do Sul. O dono da propriedade, Javair Portes de França, 53 anos, que seria parente de Joarez Costa França, o “Caboclinho”, foi preso em flagrante por receptação.

A polícia investigava um caso paralelo de roubo de veículos, quando chegou à chácara de Javair. “Logo observamos várias peças de carro, mostrando que havia algo estranho ali”, disse o superintendente da DP de Almirante Tamandaré, Paulo Mesquita. Numa oficina dentro da propriedade havia diferenciais, pára-brisas e outros pedaços, além de maçarico para corte de metal e compressor para pintura.

Com a ajuda de moradores da região, os investigadores descobriram uma valeta de 1,5m de profundidade por 1m de largura, onde estavam enterrados pedaços de lataria sem utilidade de vários carros pequenos. O sótão da sede do terreno escondia partes de uma camioneta importada Galloper azul e de uma F-1000 verde. Em seguida, os policiais foram ao local de trabalho de Javair, funcionário da Prefeitura de Itaperuçu, e o prenderam em flagrante.

Camioneta

O acusado disse aos investigadores que as peças não lhe pertenciam e eram da época de “Caboclinho”. “Mas boa parte do material estava novo. Não é possível que estivesse ali há anos”, falou Mesquita. Segundo o superintendente, Javair relatou que alguns componentes foram adquiridos de um filho de “Caboclinho” na cidade de Ortigueira. “Ali haveria dois galpões lotados de autopeças”, disse o policial. A camioneta de Javair, que segundo ele próprio, continha peças adquiridas nestes barracões, foi apreendida e vai passar por perícia da Polícia Científica.

Nenhum dos componentes apreendidos continha numeração de chassi Å a origem dos veículos, portanto, ainda não foi descoberta. Os policiais também não conseguiram precisar quantos carros e camionetas diferentes tiveram as peças localizadas na chácara. “Há mais coisa ali. Mas dá para adiantar que a maioria é de camioneta”, falou Mesquita. Alguns vizinhos relataram ainda que restos de veículos já foram atirados no Rio Assungui, que passa por dentro da chácara. Javair não falou sobre o paradeiro de outras peças, como os motores.

Antecedentes

A DP de Tamandaré apurou que o acusado teve quatro passagens pela polícia, mas a natureza dos crimes pelos quais respondeu ou a situação dos processos não foram revelados. Javair, que não autorizou divulgação de sua imagem, foi autuado por receptação qualificada. “O depósito e desmonte das peças são os agravantes da situação”, disse o delegado Germino Marques Bonfim Filho. A polícia começa a investigar também a ligação e o grau de parentesco dele com “Caboclinho”, que está encarcerado na Prisão Provisória de Curitiba (Ahu) desde que uma rede de desmanche de veículos foi descoberta pela polícia.

O delegado aguarda a determinação da Divisão de Polícia Metropolitana para concluir a varredura e retirar todas as peças da propriedade, que tem seis alqueires de área. O caso pode ser repassado à Força-Tarefa de Combate ao Roubo de Camionetas ou diretamente à Promotoria de Investigação Criminal (PIC).

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