O dono da loja Belle Artte, José Antônio Maximiano, 37 anos, morreu amarrado e amordaçado nos fundos de seu estabelecimento, na esquina da Avenida Getúlio Vargas e Rua Alexandre Gutierrez, Água Verde, na noite de quarta-feira. A primeira hipótese levantada pela polícia é de latrocínio (roubo com morte), já que o carro da vítima, o Ka placa JMC-3318, e alguns objetos desapareceram. José morava em cima da loja com a filha, de 16 anos, e um amigo, que era seu sócio. Na garagem, outro homem passava as noites. Esse foi o terceiro caso de latrocínio registrado em Curitiba, em menos de uma semana.
José chegou em casa entre 19h e 21h e foi surpreendido pelos ladrões, conforme suposição inicial da polícia, já que não havia sinais de arrombamento no sobrado. Neste período, a filha e o amigo estavam fora de casa. Quando a adolescente chegou, encontrou as portas abertas e a garagem sem o carro. Ela telefonou para o 190 e o corpo foi descoberto pelo sargento Turra e pelo soldado Antônio, do projeto Povo (Policiamento Ostensivo Volante), do 13.º Batalhão da Polícia Militar.
As pernas e as mãos de José estavam amarradas com uma toalha e com uma pochete, respectivamente, e sua boca amordaçada com um pedaço de pano. Segundo levantamento inicial do perito Alcebíades, da Polícia Científica, nenhuma lesão por arma foi constatada na vítima, embora ela apresentasse sinais de espancamento. "A causa da morte só poderá ser descoberta em exames complementares no IML", disse. José estava caído próximo à escada que dá acesso à residência. Na porta que divide a garagem da sala e próximo ao corpo, algumas gotas de sangue denunciavam a agressão, mas esse indício ainda está sendo investigado.
Carro
Outra hipótese para o crime é os ladrões terem entrado junto com José, quando ele abriu o portão da garagem. Depois de matar o empresário, eles fugiram com o carro. O Ka foi visto pelas ruas do Parolim, segundo comentado pelo sargento Turra, antes de a PM ter sido avisada do crime. Mais tarde o carro foi encontrado abandonado na Rua Paula Freitas, no Alto Boqueirão. O veículo foi encaminhado para perícia.
Os moradores da casa foram ouvidos pelo delegado Rubens Recalcatti, da Delegacia de Furtos e Roubos. "Vamos apurar o que foi levado e ouvir essas pessoas", comentou o delegado. Segundo ele, num primeiro momento foi verificada a a falta de alguns aparelhos eletrônicos da casa e que foram carregados no carro da vítima.
Ontem pela manhã, Recalcatti relatou que ouviu familiares da vítima e já conseguiu alguns indícios para a investigação. Há cerca de dez dias, três homens encapuzados haviam tentado invadir a loja ou a residência, mas não conseguiram. "Os indivíduos tentaram surpreender José quando ele descia a escadaria, mas a vítima agiu rápido. Conseguiu voltar e entrar na casa, trancando a porta. Um dos marginais ainda tentou agarrar a perna de José", relatou o delegado.
Essa informação também levanta a possibilidade de vingança por parte dos assaltantes contra a vítima. Isso também explicaria as agressões sofridas por José, pois ele tinha marcas de pancadas fortes no rosto e nas costas.
O delegado Antônio Procopiak Neto, que também trabalha no caso, afirmou que existe outra possibilidade para o crime: cobrança de dívidas. Segundo o delegado, a vítima estaria devendo cerca de R$ 200 mil à outras empresas e pessoas.
Desabafo
João Antônio Maximiano, 62, estava inconformado com a violenta morte do filho. "Ele era trabalhador. Criei quatro filhos para trabalhar e não ser morto por vagabundos. Se todos trabalhassem como José, isso não teria acontecido", desabafou. Para João, o crime foi cometido por adolescentes. "Precisamos ter leis rígidas para os menores, eles fazem o que querem", concluiu.
Vítimas foram assassinadas por asfixia
Esse foi o terceiro caso de latrocínio (roubo seguido de morte) em Curitiba, em menos de uma semana. O detalhe que chama a atenção da polícia é que todas as mortes foram por asfixia. A primeira vítima foi a professora de música Heila Gilda Wall Epp, 60 anos. Na noite de sexta-feira passada, ela foi seqüestrada e abandonada morta na Rua Rio Cubatão, Jardim Weissópolis, em Pinhais. Os ladrões levaram o veículo (Santana Quantum) e seu violino. O corpo foi encontrado na manhã de sábado. Três dias depois, na tarde de terça-feira, a viúva Cacilda Fagundes da Silva, 62, foi localizada sem vida dentro de seu sobrado, na Rua Floriano Ramos Ribeiro, Cajuru. Dela foram levados alguns pertences pessoais e seu carro (Renault Clio). No dia seguinte aconteceu o latrocínio envolvendo José Maximiano. Todos os casos estão sendo investigados pela Delegacia de Furtos e Roubos (DFR), que ainda não possui pistas da autoria dos crimes.


