Dono de posto reage a assalto e morre dentro do escritório

Claudino Pizzolatto tinha 59 anos e há 10 era dono do Auto Posto Chaparral, situado na esquina das ruas Brigadeiro Franco e Brasíilio Itiberê, Rebouças. O estabelecimento já fora assaltado outras vezes, mas ontem de manhã o proprietário resolveu reagir à ação de uma dupla de bandidos. Houve tiroteio e Claudino, ferido no peito, morreu dentro do escritório.

Os assaltantes, até agora não identificados, chegaram a pé no posto de combustíveis, às 7h. Renderam três frentistas que trabalhavam no pátio e entraram na loja de conveniências, dominando também o funcionário do balcão. Um dos bandidos arrombou com um chute a porta do escritório, onde estava o proprietário, que acabara de chegar.

Claudino guardava um revólver – tentativa de proteção após vários casos anteriores de assalto. Segundo o delegado Rubens Recalcatti, titular da Delegacia de Furtos e Roubos, o dono atirou três vezes em direção ao bandido. “Provavelmente não acertou nenhum, pois não havia marca de sangue”, falou o delegado. O assaltante revidou e um dos tiros atingiu o coração de Claudino. A dupla não concretizou o roubo e saiu a pé, correndo pela Rua Brasílio Itiberê. O Siate foi chamado, mas não teve tempo de salvar o empresário.

O delegado disse que algumas características dos bandidos já foram levantadas. “Mas a investigação é sigilosa e por enquanto não informaremos esses dados”, falou Recalcatti. Há suspeitas de que os autores do latrocínio já tenham roubado o mesmo posto anteriormente.

Assembléia

Por causa da morte de Claudino Pizzolatto, o Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis, Derivados de Petróleo e Lojas de Conveniência dos Estado do Paraná (Sindicombustíveis) convocou uma assembléia extraordinária para debater o problema da segurança. Em nota oficial, o sindicato afirma que vem denunciando o aumento da violência e feito inúmeras solicitações de providências ao poder público, e que muitos revendedores deixaram de prestar queixa dos assaltos por causa da impunidade.

Roubos não são registrados por descrédito na polícia

A cada dez assaltos contra postos de combustíveis, apenas dois são comunicados à polícia. A informação é de Roberto Fregonese, presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Combustível, Derivados de Petróleo e Lojas de Conveniência do Estado do Paraná (Sindicombustíveis). Ele explica que os proprietários de postos estão cansados de ir à delegacia e não ver solução, como assaltantes identificados e presos.

Fregonese ressaltou que o seu amigo Claudino Pizzolatto levantou às 5h30 para trabalhar e foi morto por ladrões uma hora depois. “Ele reagiu. Mas, estava cansado de ser assaltando. Era um revendedor antigo. O assassinato dele indignou a classe”, enfatizou. Ele comentou que, apesar do estabelecimento de Pizzolatto estar situado no Rebouças, uma região considerada tranqüila, não estava livre dos assaltos. “Os bandidos atacam todos os dias, mas na segunda-feira há mais roubos, devido ao movimento do fim de semana.”

Fregonese lembra que a maior preocupação da classe é que os marginais continuam impunes e a morte de Pizzolato não é o único crime. “Funcionários já foram baleados, clientes seqüestrados. Os marginais usam metralhadora nos roubos e nada acontece”, lamenta.

Por serem estabelecimentos vulneráveis, os postos são atacados com freqüência. “Os empresários colocam cofre boca de lobo, câmaras de vídeo, mas isso não intimida os marginais”, frisou. “São locais que podem explodir, caso uma bala dessas atinja uma bomba durante uma troca de tiros. Precisamos de segurança para trabalhar”, acrescenta Fregonese.

Sindicombustíveis quer indenizações

O presidente do Sindicombustíveis, Roberto Fregonese, disse que a categoria está estudando uma forma de entrar com ações judiciais contra o governo do Estado, devido a falta de segurança. Ele adiantou que hoje todos os postos funcionaram com uma faixa preta, com os dizeres: “Governador Requião, quantas vidas serão necessárias para termos segurança?”. Os funcionários dos postos também vão trabalhar com tarjas pretas nos braços. “As faixas serão colocadas e permanecerão por tempo indeterminado”, salientou. Fregonese avisou que, de agora em diante, o Sindicombustiveis também irá trabalhar com um setor de estatística. “Vamos reproduzir a realidade. O governo diz que só ocorreram 36 assaltos este ano. Temos o proprietário de um posto que sozinho foi roubado 36 veze”, assegurou.

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