Dívida por droga gera assassinato a pedradas

Carlos Roberto Aparecido Cirico, 39 anos, pagou a dívida de drogas com a própria vida. Vítima do círculo maldito do vício, que leva a pessoa a roubar e traficar para consumir crack, ele foi baleado e teve a cabeça esmagada a pedradas no domingo à noite, na travessa 4 das Moradias Trevisan, em São José dos Pinhais. Ao lado do corpo ficou, intacta, a faca que Aparecido tinha apanhado ao sair de casa, prevendo que iria enfrentar os traficantes da região. No bolso da vítima, restou o cachimbo que usava para fumar crack.

A história de Aparecido não é muito diferente da de centenas de outras vítimas do crack. Ex-presidiário, ele tinha retomado a vida após cumprir pena por assalto. Conseguiu emprego como porteiro e foi viver com uma cabeleireira, que já tinha um casal de filhos. Tudo mudou quando a família, que morava no bairro Afonso Pena, se transferiu para a Moradias Trevisan, há dois anos. Ali, Aparecido conheceu o crack e nunca mais conseguiu se livrar da droga e nem do assédio dos traficantes.

Foi a enteada de Aparecido, Joice, quem contou detalhes da vida do ex-detento para a polícia. Ela parecia conformada com o fim do padrasto. “Olha só como foi acabar. Ele até tentou parar com o crack, mas não conseguiu”, comentou a garota.

Desempregado

Segundo Joice, por causa dos transtornos que o crack trouxe à vida de Aparecido, ele mesmo tinha decidido sair de casa, há um mês. Nos últimos tempos, segundo a garota, Aparecido já não conseguia trabalho. Não fazia nada além de “rolos” para conseguir pedras de crack. “Ele ia pousar na casa de um amigo toda noite pra não incomodar minha mãe. Mas já andava até pegando coisa lá de casa pra vender, trocar por droga”, explicou.

Neste domingo, Aparecido passou o dia com a família, na travessa 4. Pouco antes das 21h, avisou Joice que ia sair. “Ele me disse que ia pegar umas coisas, resolver umas paradas. Nem falou com a minha mãe, porque sabia que ela não gostava de saber dessas encrencas. Antes de sair, pegou a chave e a faca na cozinha. Não demorou muito e os meninos vieram avisar que ele estava morto na rua”, relatou.

O corpo de Aparecido estava no final da travessa 4, perto de um matagal. Moradores do bairro disseram aos policiais militares apenas que ouviram dois tiros. A “lei do silêncio” e o medo dos traficantes impediram, mais uma vez, que possíveis testemunhas colaborassem com o trabalho policial. O que ficou evidente foi a crueldade dos assassinos, que além de arma de fogo, usaram pedras, esfacelando parte do crânio e do rosto da vítima.

A delegacia de São José dos Pinhais já está cuidando do caso, em busca da identificação do autor ou autores do crime. Dois investigadores estiveram no local do homicídio e ouviram a enteada e a mulher de Aparecido.

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