Denúncia prende mãe e filho na venda de drogas

Uma denúncia realizada através do telefone 161 – o “narcodenúncia”, recentemente lançado pela polícia – levou à prisão mãe e filho acusados de revender drogas em frente a um colégio no Conjunto Itatiaia, Cidade Industrial. Delatados por anônimos, Benedita Batista dos Santos, 48 anos, e Jonnathan Batista dos Santos, 22, foram presos em flagrante pela Polícia Militar às 6h de ontem, em seus respectivos apartamentos.

Segundo o aspirante Cecílio Campielo Luz, da Rone do 13.º Batalhão da PM, várias denúncias contra Benedita chegaram pelo narcodenúncia. Uma delas dizia que a mulher recrutava alunos do Colégio Protácio de Carvalho, em frente ao condomínio onde mora, para revenderem drogas dentro da escola. Os indícios foram investigados pelo serviço reservado do 13.º Batalhão, e com base neles a Justiça expediu mandado de busca e apreensão no apartamento da mulher e no do filho, que mora no mesmo andar.

Drogas

Nas duas residências, a polícia encontrou 67 pedras de crack, resíduos de maconha, munição de espingarda calibre 12 e pistolas calibres 9 milímetros (de uso exclusivo das Forças Armadas) e 380, e invólucros plásticos característicos para embalagem de droga. “Havia mais droga, mas perceberam nossa presença e jogaram pela descarga”, falou o aspirante, acrescentando que Jonnathan trabalhava com a mãe repassando o produto ilegal.

Benedita já havia sido presa por tráfico de drogas em 1993, e ficou dois anos na ala feminina da Penitenciária Central do Estado, em Piraquara. Apesar de todos os indícios, ela nega que estivesse comercializando entorpecentes. “Sou contra isso aí (tráfico). Meu filho e meus irmãos são viciados em crack e maconha”, alegou Benedita, dizendo que tira o sustento vendendo roupas.

Ela afirma ainda que cumpriu pena injustamente, que as denúncias são “armação de inimigos” e que desconhece a origem dos invólucros plásticos. O filho, sem passagem pela polícia, contou a mesma história e diz que é viciado há cerca de seis anos.

Caem mais traficantes em Foz

Além da apreensão de drogas, o serviço telefônico de “narcodenúncia” está ajudando a esclarecer outros crimes. A Polícia Militar conseguiu desbaratar uma quadrilha de Foz do Iguaçu que trocava drogas por carros e motos roubadas em Curitiba. Nesta operação foram apreendidos 203,8 quilos de maconha e 913 bolinhas de haxixe.

A quadrilha foi descoberta esta semana, após a confirmação da denúncia em Cascavel. O caso passou a ser investigado por policiais militares do serviço reservado do 14.º Batalhão da PM, de Foz do Iguaçu, município de onde a droga saía. Quando foi detido o primeiro suspeito, os policiais ficaram sabendo da troca de mercadoria em Curitiba. Policiais da capital foram acionados e o esquema criminoso foi confirmado.

Esconderijos

A carga de entorpecente estava em uma transportadora, onde também foi localizada a motocicleta Honda 125, que havia sido roubada em São José dos Pinhais. No veículo utilizado pelos traficantes, a droga estava escondida em caixas de som seladas, que seriam enviadas para Curitiba e depois retiradas numa transportadora da capital. A Polícia Militar não informou o nome da empresa porque o caso ainda está sob investigação. “Muitas vezes as empresas transportadoras levam drogas sem saber”, disse o major Costa.

Foram detidos ontem Valnei de Lima, 29, Anderson Gomes da Silva, 26, e um adolescente de 17 anos, acusados de ter ido buscar a moto furtada. Em Foz do Iguaçu, os policiais localizaram o Passat placa BRD-8155, com vários tabletes de maconha escondidos em fundo falso. A condutora do veículo, Clarice Terezinha Farias de Moraes, 38, também foi presa. Ela teria ido buscar a droga no Paraguai. Os suspeitos de envolvimento com a quadrilha foram levados à Polícia Federal.

Crimes

“Em função de operações vinculadas como essa, o governo pretende montar um banco de dados com a identificação e todas as passagens dos traficantes pela polícia e, assim, estruturar a ação policial”, disse o major Jorge Costa Filho, coordenador estadual do narcodenúncia. “O tráfico é, muitas vezes, apenas a ponta visível de outros crimes”, comentou o secretário de Justiça, Aldo Parzianello.

161 contrata portadores de deficiência

A Secretaria da Justiça informou ontem que vai contratar portadores de deficiência física para o atendimento telefônico do serviço de “narcodenúncia??, que funciona pelo número 161. Serão contratados 90 deficientes em seis municípios onde funciona o Narcodenúncia: Curitiba, Ponta Grossa, Londrina, Maringá, Pato Branco e Cascavel.

Os atuais atendentes são policiais militares que recebiam os chamados do telefone 190. Eles foram remanejados para o 161, para que o serviço fosse posto em funcionamento. “Tão logo seja efetuada a contratação de civis, os PMs retornam aos seus postos de origem”, informou o major Jorge Costa Filho, coordenador estadual do Narcodenúncia.

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