Dentistas assustados com quadrilha especializada

Mais de quinze consultórios odontológicos, metade deles situados no bairro Água Verde, em Curitiba, foram assaltados nas duas últimas semanas. As vítimas suspeitam que os assaltos estão sendo feitos por uma mesma quadrilha, uma vez que os procedimentos são muito semelhantes.

Segundo uma dentista que preferiu manter sua identidade em sigilo, seu consultório foi invadido por três assaltantes armados na tarde do último dia 10. Os rapazes conseguiram entrar na clínica utilizando o pretexto de que desejavam fazer um orçamento para tratamento dentário. Ao atravessarem o portão, os assaltantes começaram a ação. Ela conta que enquanto um amarrava as treze pessoas que estavam no consultório e na casa de sua sogra, que fica na parte dos fundos do terreno, outro ia roubando objetos pessoais, carro, cartões de crédito e talões de cheque. Os cartões e os talões de cheques foram levados ao terceiro assaltante, que se dirigiu ao banco. Quando ele concluiu os saques, comunicou o restante da quadrilha por telefone o êxito na operação. As treze pessoas ficaram reféns dos bandidos por mais de uma hora.

Segundo o Conselho Regional de Odontologia do Paraná (CRO-PR), essa sistemática de ação criminosa tem sido relatada por todos os dentistas assaltados, que ligaram para a entidade solicitando auxílio. “É por essa semelhança na forma como tem se realizado o crime, que acreditamos se tratar das mesmas pessoas, que, certamente, pertencem a uma quadrilha especializada”, analisa o tesoureiro do CRO-PR, Ermenson Luiz Jorge.

Ele diz que o conselho pretende agir no sentido de alertar os dentistas sobre o problema e orientar quanto algumas formas de dificultar a ação dos assaltantes. “Vamos divulgar nas revistas do CRO-PR e da Associação Brasileira de Odontologia da seccional do Paraná (ABO-PR) o que vem acontecendo, e daremos dicas de segurança”, diz Ermenson.

Para ele, uma medida que os dentistas devem tomar para se proteger é a instalação de um circuito interno de câmeras de vídeo. “Como eles não podem colocar um capuz para entrar no consultório, já que se passam por clientes, as câmeras vão intimidar os assaltantes, pois eles poderão ser facilmente identificados”, acredita.

Hora marcada

Na manhã do dia 10, mesmo dia em que foi assaltada a dentista que não quis ser identificada, o dentista Edson da Mota Machado passou pela mesma situação. Só que ao contrário da dentista que teve um prejuízo em torno de R$ 100 mil, as perdas materiais do dentista se resumiram a um telefone celular e alguns bens pessoais. “As perdas não foram tão grandes, porque o alarme disparou e os bandidos tiveram que fugir”, conta Edson.

“A ousadia dos ladrões foi tamanha que, na semana anterior, um deles ligou marcando hora e no dia do assalto chegou acompanhado no horário da consulta, como se fosse paciente”, lamenta o dentista, dizendo que teme perder clientela devido à falta de segurança. “A polícia não tem dado a atenção necessária para prender essa quadrilha”, avalia.

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