Delegado seria dono de prostíbulo, diz a PIC

A Promotoria de Investigação Criminal (PIC) apura o possível envolvimento de policiais civis no comando de casas de prostituição em Curitiba. Mais de 10 estabelecimentos já foram vistoriados por uma força-tarefa composta por vários órgãos – e um destes lugares pertenceria ou já teria pertencido a um delegado e a um investigador, cujos nomes são mantidos sob sigilo. A PIC prepara uma ação criminal para indiciar os responsáveis por favorecimento à prostituição e rufianismo (obtenção de lucro com a venda do corpo de terceiros), e outra cível, pedindo o afastamento dos policiais se a culpa deles for confirmada.

A PIC reconhece a existência de centenas de locais de prostituição na cidade, mas pela equipe reduzida estabeleceu como alvo os maiores e mais luxuosos, considerados “ostensivos”. Segundo a promotoria, essas casas usam a fachada de boates para explorar a “profissão mais antiga do mundo”.

Além da PIC, participam da força-tarefa fiscais da Prefeitura (para verificar os alvarás), Ministério do Trabalho (exploração de prostitutas), Secretaria do Meio Ambiente (barulho), Vigilância Sanitária (alimentos e condições de higiene) e Corpo de Bombeiros (segurança das construções).

Evidências

Segundo um dos promotores da PIC, que prefere não ter o nome divulgado, há “evidências” de que uma boate, próxima ao anel central da cidade, e registrada em alvará como “uiscaria” pertencia a dois policiais civis. Indícios apontam que o estabelecimento foi vendido recentemente, numa transação que teria envolvido “laranjas”. Os donos foram autuados pelo Ministério do Trabalho por irregularidades na contratação de “dançarinas”, cuja atuação como prostitutas está sendo investigada.

A própria PIC reconhece a dificuldade na obtenção de provas. Na maioria dos casos informações vazam e os donos das casas eliminam possíveis provas de que haja favorecimento à prostituição. Em outras situações, empresários se adiantam à fiscalização, por exemplo, substituindo camas por sofás instalados em “salas-vip”, onde ocorreriam as relações sexuais. “Combatemos tanto o ilícito penal quanto a rede de corrupção que permite o funcionamento desses locais. Não temos ilusão de acabar com a prostituição”, falou o promotor.

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