Delegado recebe acusação contra grávida

O delegado Rubens Recalcatti, titular da Delegacia de Furtos e Roubos (DFR), recebeu, ontem, a gravação da suposta conversa telefônica entre a funcionária do posto de gasolina Patrícia Cabral da Silva, 22 anos, e Luiz Carlos Cândido, um dos homens que assaltaram o estabelecimento em maio. No diálogo, fica clara a participação de Patrícia na elaboração do assalto, apesar de ela ter sido baleada na barriga. Se comprovada que a voz é realmente dela, a funcionária pode ser indiciada por roubo e formação de quadrilha.  

De acordo com o delegado, a fita será encaminhada ao Instituto de Criminalística para ser degravada. Depois de retirado o conteúdo, peritos irão fazer o confronto de vozes, o que irá certificar se a gravação é realmente autêntica.

Prova válida

Segundo o promotor Paulo José Kessler, do Núcleo de Pesquisa e Informações do Ministério Público, gravações telefônicas podem ser usadas como provas, desde que sejam comprovados que os conteúdos são originais. ?Primeiro, é preciso ter certeza de que não é uma simulação, isto é, se ninguém se passa pela pessoa, e se não é montagem, uma vez que programas avançados de computação podem fazer essas simulações. Nestes casos, tanto o delegado quanto o promotor ou o juiz podem pedir pela perícia?, explicou Kesller.

Depois de degravado o conteúdo, o promotor designado analisa se a conversa é relevante para a ação penal. ?O promotor irá ver se há duplo sentido ou indução às respostas, se as perguntas são tendenciosas, entre outras coisas. Se entender que a prova é substanciosa, ele pode inclui-la no elenco de provas. A lei permite que qualquer pessoa grave sua própria conversa. Entretanto, gravar conversa alheia, invadindo a privacidade de outras pessoas, não é permitido. E isso invalida a prova?, explica Kesller.

Assalto

A gravação foi entregue pelo advogado José Carlos Veiga, que defende Sidimar Tiago Oliveira e Luiz Carlos Cândido. Segundo o advogado, Patrícia planejou o assalto e informou aos três assaltantes qual era o melhor horário para o assalto e quanto tinha no cofre – cerca de R$ 60 mil. ?Em troca, ela disse que queria ser baleada na barriga para pedir R$ 150 mil de indenização. Meus clientes não sabiam que ela estava grávida?, contou Veiga.

Patrícia deu à luz a uma menina no último dia 20. Ontem, a reportagem tentou entrar em contato com ela, mas a garota não atendeu o telefone. Familiares disseram que ela viajou e deve retornar apenas no final da semana. ?Vamos analisar essa gravação com cautela, mas, se for comprovada a participação dela no assalto, ela será punida como os demais criminosos?, disse Recalcatti. Dos três assaltantes, apenas Sidimar está preso. Os outros estão foragidos.

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