Entrevista

Delegada fala sobre o caso da menina Rachel

Dois anos depois da morte da menina Rachel Maria Lobo de Oliveira Genofre, de 9 anos, a polícia ainda tem uma equipe exclusiva na busca pelo assassino, sob o comando da delegada Vanessa Alice, titular da Delegacia de Homicídios.

Não há um perfil traçado do maníaco que abusou sexualmente da garota e abandonou o corpo em uma mala, na Rodoferroviária de  Curitiba, mas ele deixou para trás o material genético que já foi confrontado com o DNA de mais de 60 suspeitos.

Como é definido quem deve passar pelo confronto de DNA?

Vanessa Alice: É feita uma triagem com todos os pedófilos presos. Em alguns casos não há nada que justifique o encaminhamento para o DNA, mas em outros partimos do princípio que o suspeito poderia ter algum envolvimento com a morte da Rachel, então ele é intimado e ouvido.

O Estado do Paraná:

Foram 63 ou 64 encaminhados para DNA nestes dois anos e apenas um está com o resultado pendente. Todos os outros apresentaram resultado do confronto negativo.

OE: Acredita-se que o maníaco era conhecido da família?

VA: Para tirar uma menina esperta, inteligente, da esfera da Rui Barbosa às 17h30, sem ninguém ver, só sendo conhecido. Nossa opinião é essa, mas não descartamos outras possibilidades. Ainda estamos investigando pessoas que conheciam a família e temos duas linhas de investigação agora em andamento.

OE: A análise do computador da Rachel revelou alguém que ela tenha conhecido através de redes sociais? Surgiu alguma pista do troféu que ela ganhou na escola antes de desaparecer?

VA: O computador foi mandado para o Nuciber (Núcleo de Combate aos Cibercrimes), que ainda não concluiu a perícia. Procuramos em todos os depósitos de papel, várias pessoas que procuram lixo, fomos a locais onde houve queimada de roupa e de mochila, e não encontramos nada sobre a mala da escola dela, a calça do uniforme, o par de tênis e o troféu.

OE: Há certeza sobre o ponto onde a Rachel foi levada pelo assassino?

VA: Ela saiu da escola e foi com um amiguinho até um aviário, na Rua Voluntários da Pátria. Lá ele ficou e ela continuou. A partir daí ninguém mais a viu. Não se sabe nem se ela chegou até a praça Rui Barbosa.

Fizemos o caminho dela a pé, de ônibus e de carro. Falamos com os motoristas de todas as linhas que ela costumava fazer, e todos disseram não tê-la visto aquele dia. Os ambulantes que a viam todos os dias também não a viram.

OE: E sobre o momento em que a mala foi encontrada na Rodoferroviária, o que foi apurado?

VA: Por volta das 20h, índios viram a mala, mas só mexeram horas depois, quando voltaram para dormir. Eles puxaram e perceberam que era muito pesada, então chamaram um fiscal que abriu a mala e encontrou o corpo.

Foi encontrada uma digital palmar em baixo da mala, mas não dá para saber se é do autor do crime ou de alguém que manipulou a mala. Ela deveria ter ido do jeito que estava para o Instituto Médico Legal para ter uma perícia mais completa.

OE: O retrato falado feito pelo funcionário da loja de malas ajudou em alguma coisa?

VA: Depois do retrato falado efetuamos a prisão de duas pessoas e elas foram reconhecidas em 100% pelas pessoas que fizeram o retrato. Um desses suspeitos, inclusive, foi trazido de Santa Catarina para o reconhecimento. Porém, nos dois casos, o DNA deu negativo.

OE: Existe a possibilidade de envolvimento de mais de uma pessoa no crime?

VA: Quem faz crime assim, com uma criança, não abre para ninguém, a menos que seja da família. Não descarto, pode ocorrer, mas é difícil. Todo suspeito tem a família toda analisada.

OE:
Dois anos depois do crime, como é feita ,a investigação?

VA: Ainda tem uma equipe exclusivamente no caso, e toda denúncia é averiguada. Esta semana, inclusive, um vidente mandou uma carta e estamos trabalhando com as hipóteses levantadas.

Toda denúncia é trabalhada mesmo quando não se vê nexo nas informações desde o princípio, por que não podemos descartar nada. O número de denúncias diminuiu bastante, mas pedimos a quem souber de alguma coisa que continue denunciando, mesmo anonimamente.