Curitiba tem 26 roubos e furtos de carro por dia

Curitiba registra uma média de 26 veículos furtados ou roubados por dia. De janeiro a agosto deste ano, foram 4.850 apenas na capital, além de 4.371 no interior. Só no ano passado, foram 7.700 veículos roubados ou furtados no município.

Para o delegado-titular da Delegacia de Furtos e Roubos de Veículos (DFRV) de Curitiba, Hamilton da Paz, apesar dos números alarmantes, o índice de Curitiba não é tão alto. “Houve épocas em que a delegacia chegou a registrar 50 ocorrências por dia”, revela. A frota de Curitiba, em julho, era de 773.109 veículos. “Para este universo, o número é até aceitável, embora pretendesse que fosse menor”, pondera.

Sobre os números do Paraná, o Estado aparece na quinta posição entre as unidades da federação com maior número de roubos e furtos. Foram 7.794 ocorrências de janeiro a junho deste ano. O líder no ranking é o estado de São Paulo, com 103.223 furtos e roubos, seguido pelo Rio (27.839), Rio Grande do Sul (13.319) e Minas (10.969). Atrás do Paraná vêm Pernambuco (4.726) e Brasília (4.443).

De acordo com o delegado, um fenômeno nacional ? que vem se repetindo inclusive no Paraná ? é a grande incidência de furtos de motocicletas, especialmente aquelas com cilindrada até 150 centímetros cúbicos. “Em Curitiba, as motos representam 14,5% das ocorrências. Já em São Paulo e no Rio, chega a 30%”, aponta. Segundo ele, a facilidade de transportar o veículo é o principal fator, aliada à fácil adulteração de peças e a comercialização. “Na moto, a numeração só existe no motor e na placa, enquanto no carro, existe também na caixa de câmbio, nos vidros e locais no próprio chassi. O desmanche da moto também é muito mais rápido”, diz.

Mais visados

Segundo o delegado são os carros populares (com motor até 1.000 centímetros cúbicos de cilindrada) os mais visados. “Isso acontece por dois motivos: a existência de um número maior desses carros em circulação e a facilidade de aquisição de veículos iguais sinistrados, além da grande procura de peças no comércio”, diz. Na capital, as regiões com maior índice de furtos e roubos são o Centro, Água Verde, Alto da Quinze, Cristo Rei, Cabral e Jardim Social. A maior parte das ocorrências acontece entre as 18h e 22h, geralmente em lugares escuros. Além disso, revela, quase 70% dos casos se trata de furto ? na ausência do proprietário ?, enquanto 30% de roubo ? assalto, na presença da vítima.

Sobre o destino dos mesmos, o delegado Hamilton da Paz revela que parte é remarcada e continua em circulação em Curitiba, outra parte vai para algum estado diferente, outra para o Paraguai e ainda há os que vão para desmanche. Desde o dia 4 de fevereiro, quando Hamilton da Paz assumiu a delegacia, foram fechados mais de 30 desmanches e presas 210 pessoas em flagrante. Segundo ele, quase 60% dos veículos são recuperados.

Só no pátio da delegacia especializada, mais de trezentos veículos estão empilhados ? apenas motos são cerca de cem ?, à disposição da Justiça. “São veículos que foram tão adulterados que nem há como saber a sua origem”, explica o delegado.

Quanto aos dispositivos de segurança e a sua eficácia, o delegado afirma que “tudo o que a população puder colocar para dificultar o furto é bem-vindo”, e revela que veículos com sistema de rastreamento via satélite tiveram recuperação de 100%.

Como evitar roubos e golpes

O vice-presidente do Sindicato das Seguradoras do Paraná, Paulo Jocelito Moll, orienta, além de adquirir um bom contrato de seguro, que os donos de veículos tenham cuidados básicos, como instalar um alarme sonoro capaz de dificultar o furto simples, chave de segurança, sistema de localização e rastreamento; não estacionar em locais escuros, procurar perceber se há pessoas estranhas quando estiver entrando ou deixando a residência ou o local de trabalho. Os locais mais visados, segundo Moll, são aqueles próximos às escolas, cinemas, shoppings.

Sobre o crescente furto de motocicletas, Moll acrescenta que existe um agravante: as motos pequenas, de cilindrada até 150 cm3 ? justamente as mais visadas pelos ladrões ? normalmente não têm seguro. “O mercado praticamente não oferece seguro, porque a taxa que cobriria o risco seria muito alta”, justifica.

O mercado de seguros, segundo Moll, cresce de 10% a 15% ao ano. No Paraná, são cerca de 240 mil veículos segurados, e as taxas variam de 3% a 10% do valor veículo, conforme os riscos que apresenta.

Procedência

Na hora da compra de carros usados, o diretor comercial da Assim Brasil ? empresa de consultoria especializada no ramo ?, Marcos Paulo de Souza, orienta que os consumidores tenham acesso à procedência dos veículos. “Consultando donos anteriores, é possível saber se não se trata de um possível “salvado”, aponta, referindo-se ao golpe de furtar um veículo e colocá-lo em circulação com adulterações. “Demanda um pouco de tempo, mas tendo-se disponibilidade é melhor fazer.”

As marcações do número do chassi no vidro também podem ser verificadas. “A ausência desses números é um indicativo de preocupação, mas a alteração dos números é ainda mais grave”, aponta. O manual de automóvel é outro item que deve ser observado. “Um ?salvado? dificilmente vem com o manual”, explica o consultor. A estimativa, segundo Marcos Paulo, é que haja no Brasil cerca de 1 milhão de veículos irregulares.

Voltar ao topo