Crimes em Tamandaré: outra prisão e mais uma vítima

Procurado pela polícia como sendo integrante da quadrilha responsável por várias mortes na região de Almirante Tamandaré, Ananias de Oliveira Camargo, 25 anos, foi preso na madrugada de ontem, pela equipe da delegada Vanessa Alice. Também foram detidos Adão Ribeiro, 21, e a mulher de Ananias, Eliane Dias de Oliveira, 25. Com a ajuda do rapaz e da mulher, a polícia localizou a ossada da doméstica Suzana Moura Gazane, 22, desaparecida desde o dia 20 de abril. Depois de ser executada com um tiro na cabeça, a jovem foi jogada em um buraco e enterrada na Chácara dos Gavas, na Colônia Grabriela, em Almirante Tamandaré, quase divisa com o bairro Tanguá, em Curitiba. Com a confirmação da morte de Suzana, a quadrilha é acusada de executar 21 mulheres na região, além de vários homens.

Prisão

A delegada Vanessa Alice, responsável pelas investigações das mortes, informou que recebeu uma denúncia, no início desta semana, informando que Suzana foi assassinada por Ananias, que estava com prisão decretada pela Justiça, sob a acusação de executar Alceu Rodrigues, o B.A., 31 anos, no dia 9 de maio passado. Após várias investigações, a equipe da delegada, formada por policiais civis e militares, descobriu que Ananias estava escondido em um condomínio de luxo em Balneário Camboriú (SC) e se dirigiram para o local. Lá, além de Ananias, encontraram sua mulher Eliane e Adão, que estava acompanhado da esposa. “A mulher do Adão não tem nada a ver com o crime. Já a Eliane e o Adão estavam na chácara, quando a Suzana foi executada”, explicou Vanessa.

Ela disse que ainda na madrugada interrogou Eliane e Adão. Os dois relataram o que ocorreu na noite do dia 20. “A Suzana era amiga do Ananias. Ela veio sozinha aqui na chácara. Os dois discutiram e o Ananias acabou atirando na cabeça dela. Eu não vi porque ele não deixou. Fiquei com os nossos filhos, de 3 e 6 anos, na casa”, contou Eliane. Depois da execução, friamente Ananias cavou um buraco e colocou o corpo, depois jogou cal, para não deixar vestígios. Apesar de Eliane e Adão não participarem diretamente da execução, Ananias mostrou onde havia desovado Suzana. “Indiciei Eliane e Adão pela co-autoria do homicídio da Suzana. Eles não estão presos e serão liberados”, explicou Vanessa.

Ananias ainda não foi interrogado pela delegada. Ele estava com dois mandados de prisão decretados pela Justiça. Um deles foi solicitado pelo delegado Mário Sérgio Zacheski, o “Bradock”, da Força Tarefa. O motivo ainda não foi apurado. Ananias também é acusado de ser autor das mortes de um cabeleireiro chamado Alceu e de um rapaz chamado Gless, que foi assassinado no dia 24 de dezembro do ano passado, na Rodovia dos Minérios. “Ele também integrava a quadrilha de Tamandaré”, frisou Vanessa.

Sumiço

Às 8h15 da manhã, a delegada foi ao Instituto de Criminalística e solicitou que a perita Vilma a acompanhasse até a chácara. Por volta das 9h, foi localizada a ossada de Suzana. No crânio, a perita localizou a perfuração da bala. Os cabelos ruivos já estavam descolados. A bermuda verde, que a jovem usava no dia do crime, também foi encontrada. “Não temos dúvidas que é mesmo a Suzana”, afirmou a delegada.

Suzana saiu da sua casa, no Jardim Roma, em Almirante Tamandaré, com a Jog, placa AJI-8366, com destino a Santa Felicidade. Ela foi receber um dinheiro referente a um trabalho. De acordo com familiares, chegou a receber a quantia e sumiu no retorno para casa.

Eliane assegurou que Suzana chegou na chácara sozinha. Ela era amiga de Ananias e freqüentava os mesmos locais que as outras mulheres encontradas mortas, além de ser viciada em drogas e homossexual. Eliane não soube explicar o motivo da briga entre Ananias e Suzana. “Só sei que se desentenderam”, frisou. “Eu só sabia que ele tinha cometido este crime, mas na delegacia fui informada que ele é autor de outras mortes. Estou com muito medo. Temo morrer também. Tenho dois filhos para criar”, salientou a mulher. Ela disse que estava amasiada com Ananias há seis anos, mas nos últimos meses o relacionamento não estava bom. “Eu ficava com ele porque meus filhos são muito agarrados com o pai. Não sei direito da vida dele. O que sei é que ele tinha um caminhão e trocou por um pedaço de terra, próximo desta chácara”, disse Eliane.

Investigações

A delegada Vanessa informou que as investigações da morte das mulheres ainda não encerraram. “Ainda temos muito que apurar. Dezesseis pessoas estão presas e agora o Ananias também está atrás das grades. Ainda falta prender um homem chamado Brunelo, que está com mandado de prisão decretado”, falou a policial. Ela explicou que conforme a evolução das investigações, poderá solicitar outras prisões.

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