Julgamento

Condenado a 15 anos por causar acidente fatal

Pouco mais de dois anos e um mês após causar o acidente de trânsito que matou cinco pessoas, no quilômetro 148 da BR-116, em Mandirituba, Rodrigo Olívio, 27 anos, sentou-se ontem no banco dos réus. O julgamento, presidido pelo juiz Marcos Vinicius Christo, começou no início da tarde, no Tribunal do Júri de Fazenda Rio Grande, e terminou à noite. Diante de um júri formado por cinco mulheres e dois homens, Rodrigo, que não tinha carteira de habilitação e dirigia com indícios de embriaguez, foi condenado a 15 anos de reclusão.

As testemunhas foram as primeiras a ser ouvidas. Disseram que, por volta das 18h30, de 13 de junho de 2008, o caminhão Scania conduzido por Rodrigo se perdeu numa curva e colidiu na lateral de uma carreta Volvo, que seguia na pista contrária. Em seguida, Rodrigo teria apagado os faróis e acelerado, possivelmente para fugir. Porém, continuou na contramão e passou por cima do Gol, ocupado pelas cinco vítimas fatais.

Testemunhas

No acidente, morreram Jair Kurovski, 36 (vereador de Pien), a mulher dele Célia Regina Wendrechovski, da mesma idade, a filha Jaine Kurovski, 13, a irmã Jussara Kurovski, 32, e a sobrinha Betina Kurovski, 15. O Scania de Rodrigo ainda atingiu outros dois veículos antes de parar, a cerca de 200 metros da primeira colisão.

Duas testemunhas contaram que o motorista aparentava estar embriagado, enquanto outra se limitou a dizer que Rodrigo estava atrapalhado e atordoado.

O acusado não quis se defender e o juiz passou a palavra ao promotor de justiça Diego Fernandes Dourado. “O rapaz tem carteira de habilitação falsa, passa a tarde bebendo e depois pega na boleia de um caminhão Scania e vai para a estrada”, argumentou. A destruição causada pelo veículo de Rodrigo também foi destacada pelo promotor. Carlos Lins, assistente de acusação, avaliou que sentença foi adequada.

Defesa

O advogado de defesa José Boiadeiro, que entrou no caso há cerca de 10 dias, reconheceu a dramaticidade do acidente e tentou desqualificar algumas provas, como o exame do bafômetro, realizado apenas no dia seguinte, que indicou a embriaguez de Rodrigo. “O aparelho não estava funcionando direito e meu cliente alega que bebeu depois do acidente”, disse Boiadeiro.

O advogado ainda tentou convencer o júri que o motorista não teve intenção de matar as vítimas. “Não se trata de dolo eventual, mas sim de culpa consciente. Rodrigo sabia da possibilidade de provocar o acidente, mas não achava que fosse acontecer”, disse.

Tristeza

Familiares e conhecidos das vítimas saíram de Pien para acompanhar o julgamento. Maristela, cunhada do vereador, contou que havia integrantes de três famílias no carro destruído pelo caminhão de Rodrigo. “A vida de todo mundo mudou. Meus dois sobrinhos, que agora têm 4 e 9 anos, perderam os pais e a irmã. Minha sogra perdeu dois filhos e minha irmã perdeu a filha.”