Vida difícil

Cobradores de ônibus reclamam de falta de segurança

Quando uma mulher, de 41 anos, pensou que sua vida ficaria mais tranquila com o novo emprego, passou por momentos de terror que nunca imaginou que lhe aconteceriam. Trabalhando como cobradora de ônibus, ainda em fase de experiência, há menos de três meses, ela já foi assaltada quatro vezes no tubo da Vila Acordes, no Pinheirinho, por onde passa o ligeirinho da linha Bairro Novo. A gota d”água foi por volta das 21h de anteontem, quando ela apanhou de um assaltante. Levou soco no queixo, um dos dentes amoleceu e ela mal consegue se alimentar. Mastigar é impossível. Apenas líquidos e papinhas entram na boca. Ela fará exames de lesões corporais na manhã de hoje.

A vítima contou que já trabalhou de vendedora e balconista. Mas, por ter uma platina na perna esquerda, não conseguia mais serviços em que tivesse que ficar em pé. Juntou dinheiro e fez curso para poder atuar como cobradora. Achou que ficaria sossegada por trabalhar sentada. Desde que começou na nova profissão, vem atuando das 18h30 às 0h45, no tubo da Vila Acordes.

Frequente

A violência não atinge apenas ela. Seus colegas que trabalham durante o dia, na mesma estação, também sofrem com os assaltos. Um cobrador foi roubado duas vezes no dia, pelos mesmos bandidos. A cobradora contou que os marginais sempre chegam armados. Um ou dois ficam do lado de fora, na entrada, e outro, geralmente encapuzado, sobe para exigir dinheiro. “Trabalhamos com o cofre fechado, que demora entre 10 e 15 minutos pra abrir. Enquanto isso, eles ficam apontando a arma e nos apavorando”, contou a mulher, que além dos ferimentos no rosto, está abalada, de tanto pavor.

A cobradora relatou todos os assaltos à empresa de ônibus, que prometeu transferi-la de lá. Mas ela ressalta que não adianta tirá-la do tubo da Vila Acordes e não promover mais segurança. Mãe de quatro filhos, a vítima diz que não pretende trocar de profissão. “Investi neste emprego e preciso dele. Só que ninguém aguenta mais aquele tubo”, disse.