Chacina vingada com nove execuções

Crianças amordaçadas e amarradas, assim como seus pais e avós. Todos executados a tiros. Uma família inteira foi dizimada em nome do tráfico de drogas. No total foram nove mortos, entre elas duas crianças inocentes e um adolescente. A barbárie aconteceu na casa número 863 na Rua Izabel Capelari Antoniami, Alto Maracanã, em Colombo.

Além dos oito corpos espalhados pelo chão da moradia, mais três pessoas foram gravemente feridas. Uma delas, Luciano Augusto Damásio, 25 anos, morreu logo após dar entrada no hospital. Luciane Andrade, 22, e Caíque dos Santos Duarte, irmão das outras crianças mortas, levaram tiros. A moça no pescoço e o garotinho no queixo. Ambos estão hospitalizados, e não correm risco de vida.

A polícia acredita que, além do tráfico, o motivo da chacina foi vingança. O crime pode ter ligação com o quíntuplo assassinato ocorrido no Uberaba, em Curitiba, na madrugada da última quinta-feira. Só que desta vez até inocentes foram condenados à morte. Kauã dos Santos Duarte, de apenas 4 anos, seus irmãos Kauê dos Santos Duarte, 9, crianças indefesas, foram mortas com requintes de crueldade, mesmo sem saber direito o que estava acontecendo. Assim como o outro irmão Renan Alberto Duarte, 14. Todos foram amordaçados e executados a sangue frio, sem nenhuma chance de defesa. Assim como Teófilo Inácio Pontes, de 85 anos, quase sem forças para esboçar qualquer reação. Os pais dos meninos, Jociane Borges dos Santos, 29, e Ricardo Aurélio Duarte, e os avós Rosa Mendes Duarte e Hélio Dias Duarte, 51 anos, também não escaparam. Uma mulher identificada apenas como Luciane, foi ferida com um tiro no pescoço.

Somente um bebê de aproximadamente um ano saiu ileso da “tempestade” de balas. Ele foi retirado do local por Luciane, que pode ser a testemunha-chave para a elucidação do crime.

Chacina

A mulher que estava na casa juntamente com as outras pessoas levou um tiro no pescoço. Ferida, ela fingiu que estava morta. Aguardou os criminosos deixarem o local. Em seguida, pegou o bebê de um ano no colo e, derramando sangue pelo caminho, foi até a casa de uma vizinha pedir socorro. O Siate foi acionado.

Quando chegaram no local, os socorristas prestaram atendimento a Luciane. Depois foram até a casa para ver se havia sobreviventes. Encontraram o garotinho Caíque, 10, e Luciano Augusto Damásio, 25. Todos foram levados ao Pronto-Socorro do Alto Maracanã, onde Luciano já chegou sem vida. As outras duas vítimas foram removidas para hospital em Curitiba, onde permanecem internadas.

Os vizinhos ouviram cerca de quinze tiros e, em seguida, duas pessoas ocupando uma motocicleta saindo do local em alta velocidade.

Droga

De acordo com informações dos sobreviventes, os dois homens invadiram a casa. Um deles queria comprar drogas, mas um dos moradores se negou a vender. Irritado, o marginal apontou a arma para as vítimas, enquanto seu colega as amordaçava e as amarrava. Em seguida, todos foram alvejados. No local, foi encontrada uma picareta, suja de sangue, que provavelmente já estava na moradia.

A cena dantesca impressionou os profissionais acostumados com crimes. As vítimas foram amarradas e amordaçadas com tiras de pano, antes de serem executadas. “Pensei que nunca iria ver um crime assim”, comentou o perito Victório, da Polícia Científica. Segundo avaliação preliminar, os assassinos não arrombaram a casa, fazendo crer que eram conhecidos dos moradores. “Acredito que tenham sido pelo menos dois assassinos: um ameaçou as vítimas com arma e outro as amarrou”, disse, confirmando a versão das testemunhas.

Passat e picareta suspeitos

Valéria Biembengut

O Passat branco placa AEC-8783, de Colombo, e a picareta podem ser as provas para a elucidação dessa chacina. Para colaborar com a polícia, ainda tem o testemunho dos sobreviventes, os relatos dos vizinhos que a casa era ponto de tráfico de drogas e os antecedentes criminais de uma das vítimas, Hélio Dias Duarte, 51 anos: ele já contava com passagem por tráfico de drogas.

A polícia acredita que a chacina foi uma vingança do quíntuplo homicídio, ocorrido na madrugada de quinta-feira, na Rua Valdemar Vadegan, área de invasão próxima ao Conjunto Habitacional Ilha do Mel, no Uberaba, em Curitiba. Foram assassinados Denise, o amásio dela, Jadir Marcos Barbosa, 34, Sebastião Fernando dos Santos, 37, o “Bicão”, Arlindo Moraes Filho, 31, o “Paraíba”, e um homem conhecido como “Seu Zé”. A última vítima e a mulher ainda permanecem sem identificação no Instituto Médico-Legal.

Moradores informaram que um Passat branco, com placas de Colombo, foi o carro utilizado pelos seis homens que executaram as cinco pessoas no Uberaba. Um carro do mesmo modelo e da mesma cor, também de Colombo, estava na casa da família dizimada na madrugada de ontem.

“Lobinho”

Um rapaz conhecido pelo apelido de “Lobinho” é o principal suspeito da chacina da família Duarte. Segundo testemunhas do quíntuplo assassinato, os matadores entraram no barraco de Denise procurando pelo sobrinho dela, “Lobinho”. A resposta negativa teve reação rápida: um golpe de picareta que matou Denise na hora. A polícia desconfia que a arma usada pelos criminosos pode ter sido a picareta encontrada na casa da família Duarte. Depois, os marginais invadiram a casa 38 na mesma rua e, com revólveres e pistolas em punho, executaram quatro homens.

De acordo com as investigações, como “Lobinho” sabia que estava sendo procurado e seria morto, resolveu acabar com os rivais primeiro. Antes de a polícia elucidar o crime, ele, sabendo quem seriam os assassinos, resolveu vingar-se com as próprias mãos, não perdoando nem as quatro crianças que estavam na casa.

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