Chacina deixa três mortos em São José dos Pinhais

Quando estavam reunidas em uma casa, na Rua Crepúsculo, Jardim Alvorada, Guatupê, em São José dos Pinhais, cinco pessoas foram baleadas, às 19h50 de ontem.

Márcio de Oliveira, 22 anos, Ademir Cortes da Cruz, conhecido como “Mi”, 17, e Míriam Cristina, 16, grávida de 3 meses, foram executados com tiros na cabeça. Débora Beira Lourenço, 19, levou dois disparos também na cabeça, e Júlio César Dranka, 22, um no pescoço.

Os dois foram atendidos pelo Siate. Débora foi levada ao Hospital Evangélico, onde permanecia internada com risco de morrer. Júlio foi encaminhado ao Hospital de São José dos Pinhais. Segundo informações do hospital, ele permaneceria internado, mas não corre risco de morte.

A casa, onde morava a maioria das vítimas, foi alugada há 60 dias por Márcio e sua amásia Débora. Ele informou aos proprietários da moradia, que residem nos fundos, que era vendedor ambulante.

“Nós não tínhamos muito contato. Eles eram jovens e sempre recebiam visitas”, contou Flávio Friezen. Ele e sua mulher, Antônia, assistiam televisão, no quarto, junto com duas netas, quando ouviram os disparos.

Alberto Melnechuky
Márcio e Míriam foram baleados no único colchão da casa.

Estampidos

Assustados, eles não saíram para ver e nem imaginavam que os estampidos vinham da casa vizinha. “Pensei que era no bar. Lá sempre tem confusão”, disse Antônia.

Só mais tarde, quando a polícia chegou, o casal descobriu que o crime aconteceu na casa da frente. “Eles eram bonzinhos. Pareciam pessoas boas. Não sei quem poderia ter feito isso”, comentou Antônia.

Mal sabia ela que Márcio já tinha passagem por roubo e que, dentro da moradia, ele, a amásia Débora e os amigos consumiam drogas e ingeriam bebidas alcoólicas.

No quarto, só tinha um colchão de casal, mas segundo familiares do adolescente, Ademir também residia lá e Míriam estava ali há alguns dias. Somente Júlio estava visitando os amigos.

Alberto Melnechuky
Júlio sobreviveu.

Míriam, amásia de Júlio, estava deitada no colchão assistindo televisão quando foi executada. Márcio também estava sentado no colchão e morreu ali. Ademir morreu no banheiro. Tudo indica que Débora e Júlio também estavam no quarto, já que próximo da janela havia uma grande mancha de sangue.

Motivos

Apesar do crime ter ocorrido no início da noite e o bar ao lado estar lotado, nenhum dos fregueses e nem moradores quiseram colaborar com a polícia. Todos afirmaram que nada viram. Quem se arriscava, dizia que apenas ouviu os estampidos.

Mas, para a polícia há duas hipóteses para o motivo do crime. Uma delas é o tráfico de drogas, já que no local foi encontrada uma bucha de cocaína e uma “marica” (cachimbo) usado para fumar crack. O outro seria acerto de contas, pois tanto Ademir como Márcio tinha antecedentes por roubo.

Garoto era ameaçado

Provavelmente os assassinos estavam planejando a chacina há muito tempo. A mãe de Ademir, Júlia Cortes Leiri, contou que, na semana passada, o filho mandou recado para a família buscá-lo, porque estava sendo ameaçado de morte.

“Vim buscar meu filho, mas na última sexta-feira ele resolveu voltar”, disse Júlia. Ela contou que o filho já foi apreendido duas vezes, uma delas sob ,a acusação de seqüestro. “Ele usava drogas também e, há um mês, morava nessa casa. Meu filho devia estar sendo ameaçado pelas coisas erradas que ele fazia. Mandaram recado, mas não ouviu. Disse: ‘mãe se eu for lá vou morrer’ e morreu”, relatou Júlia, ainda em estado de choque.