Celular desvenda assassinato de policial

Apesar de negar com veemência a autoria do assassinato do investigador Osvaldo Alves da Veiga, 46 anos, a polícia não tem dúvidas que João Carlos Mendes da Luz, 26, foi quem atirou contra o policial civil na tarde do último dia 10. O acusado, preso desde quinta-feira da semana passada, foi apresentado ontem pelo delegado Luís Alberto Cartaxo de Moura, titular da Delegacia de Homicídios.

Segundo Cartaxo, desde a noite do crime os policiais já tinham apurado o nome e o endereço de João Carlos. Por volta da meia-noite, ele, o delegado Rubens Recalcatti, titular da Delegacia de Furtos e Roubos, e outros dois investigadores, foram até a casa de João Carlos, na Rua Barnabel dos Santos, Jardim Alegria, São José dos Pinhais, mas a encontraram fechada. No início da semana, policiais da delegacia de São José dos Pinhais estavam investigando o furto de fios de cobre e chegaram até a oficina mecânica onde o suspeito havia deixado seu veículo, o Gol placa AEN-9581. Os policiais ordenaram que o proprietário do estabelecimento não devolvesse o carro a João Carlos, e que o avisassem que ele precisava comparecer na delegacia. Na última quinta-feira o acusado foi então até a oficina, onde recebeu o recado, e em seguida dirigiu-se até a delegacia de São José dos Pinhais para pedir que liberassem seu veículo. Quando chegou, acabou detido pelos policiais.

Investigação

Segundo o delegado Cartaxo, uma das principais provas que confirma a autoria de João Carlos foi colhida através da averiguação do telefone da casa dele. Veiga possuía dois aparelhos de telefone celular. Um deles foi levado pelo assassino e o outro, encontrado pelos peritos criminais no carro do policial. Neste aparelho estava registrada uma ligação feita da casa de João Carlos, um dia antes do crime. No dia em que o policial foi morto, outras duas ligações foram atendidas por ele, feitas de um telefone público localizado a cerca de 50 metros do local do crime, no Cajuru. “Irá ser feito um confronto entre os projéteis que mataram Veiga e os que acertaram Eduardo de Lima Espíndola, mais conhecido como “Neguinho Cascavel”, 22 anos, morto um dia depois do policial. A partir disso poderemos confirmar a participação de João Carlos nos dois crimes”, afirmou o delegado.

Quanto a suspeita de que Veiga estaria extorquindo João Carlos, o delegado afirmou que as investigações serão feitas pela Corregedoria da Policia Civil e que ele não está autorizado a dar qualquer informação sobre o fato. De acordo com familiares do acusado, na sexta-feira antes do crime, Veiga e outros policiais estiveram na casa de João Carlos, apreenderam alguns objetos de origem duvidosa e marcaram um “apontamento” (encontro, na giria policial) para o dia seguinte, ocasião em que o acusado deveria entregar certa quantia em dinheiro aos policiais civis para recuperar os objetos ilícitos que tinham sido levados por eles.

Defesa

Segundo as investigações feitas, na noite do crime João Carlos teria ido para Guaratuba, onde sua família o aguardava, para confeccionar o álibe. O acusado nega seu envolvimento no caso e afirma que foi com a esposa e seus três filhos para o litoral na noite de sexta-feira, onde trabalhou como ajudante de pedreiro em uma construção, até quarta-feira. “Quando o dono da oficina me falou que eu precisava falar com a polícia, fui até a delegacia. Cheguei por volta das 13h e fiquei esperando até as 15h30, enquanto isso até comi um pastel, e quando os policiais falaram comigo, fui algemado. Não conheço esse investigador e se o tivesse matado certamente não iria até a delegacia”, alegou João Carlos.

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