A tentativa do governo estadual de acabar com a população carcerária dos distritos policiais e das delegacias de Curitiba voltou praticamente à estaca zero. No início de março, o recém-criado Comitê de Transferência de Presos, órgão formado pelas secretarias estaduais de Segurança e da Justiça, retirou os presos de todos os distritos, com exceção do 11.º DP (CIC), e fez a promessa de que as celas não seriam mais ocupadas. Entretanto, levantamento feito ontem pela Tribuna constatou que quase todas as carceragens que tiveram as portas trancadas em definitivo, há um mês e meio, estão superlotadas novamente.

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No 1.º DP (Centro), por exemplo, a situação voltou a ficar caótica. São 18 presos em duas celas pequenas, com capacidade para menos da metade. “Ficamos apenas um dia sem presos. A carceragem continua em estado bastante lamentável”, disse o delegado Rubens Recalcatti. Em 7 de março, quando a primeira fase do mutirão de transferência terminou, as celas do distrito nem chegaram a esfriar. De noite, a Polícia Militar levou um marginal que tinha arrombado uma loja no centro, que ficou detido.

População

No 3.º DP (Mercês), o número de presos ontem já era de 23, dentro de uma cela minúscula. Este distrito foi palco de um ato simbólico, protagonizado por representantes do Comitê de Transferência, que trancaram a porta da carceragem diante das câmeras da imprensa, demonstrando que ali não entraria mais nenhum preso.

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No 8.º DP (Portão), o número de presos ontem era de 24. No 5.º DP (Bacacheri), as celas estão lotadas, embora o número de detentos não tenha sido divulgado. Já no 12.º DP (Santa Felicidade) e no 9.º DP (Santa Quitéria), as carceragens continuam destruídas e interditadas. “Por um lado nós não reclamamos, com as celas neste estado, ficamos longe da responsabilidade de cuidar de presos”, disse um policial civil, que preferiu não ter o nome divulgado. Os demais distritos possuem apenas local onde os presos ficam alegados até serem ouvidos em cartório.

O problema de presos em distritos voltou, porque o 11.º DP (CIC), que deveria funcionar como centro de triagem provisório até a construção de um prédio definitivo em Piraquara, está operando acima da capacidade, com pouco mais de 150 presos. As celas das delegacias especializadas se encontram em estado parecido. Na Delegacia de Furtos e Roubos de Veículos (DFRV) são 187 presos e na Delegacia de Furtos e Roubos (DFR), são quase 90.

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