Barbárie

Câmeras do James Bar não foram conclusivas para inquérito

O inquérito que investiga a agressão sofrida pelo estudante universitário Guilherme Carvalho Koerich, 18 anos, supostamente feita por seguranças do James Bar, no Batel, no final de semana retrasado, deverá ter novidades hoje. Já que a análise das imagens das câmeras de segurança do bar e de estabelecimentos próximos não trouxeram nenhuma conclusão, a polícia tenta agora esclarecer quem foi o responsável pelas lesões do estudante através da coleta de depoimentos e interrogatórios, além de pedidos de perícias médicas e solicitação de prontuários médicos. Enquanto isto, amigos e familiares de Guilherme devem fazer uma movimentação amanhã à noite, na esquina do James Bar. Guilherme teve que amputar a perna no sábado, para evitar complicações maiores.

Durante todo o dia de hoje, explicou o delegado Rogério Martin de Castro, do 3º Distrito Policial, nas Mercês, onde tramita o inquérito, o dono da casa noturna, funcionários e testemunhas apontados pelo dono do James deverão ser ouvidos. Testemunhas e pessoas apontadas pela defesa de Guilherme também deverão prestar depoimento. Mas o delegado espera que o advogado da família, Edison de Britto Rangel Júnior, entregue uma lista de nomes a serem ouvidos, assim como fez o advogado da casa noturna, Edward Fabiano Rocha de Carvalho.

Câmeras

O delegado explicou que o James Bar entregou todas as imagens das câmeras do estabelecimento que, na verdade, são duas. Uma fica na entrada, apontada para a rua, e a outra fica na saída, mostrando as pessoas que saem do bar. Castro revelou que, a câmera da entrada mostra Guilherme correndo e um segurança correndo atrás. Em seguida, há um grande tumulto de pessoas na calçada, olhando para o local da suposta agressão. No entanto, a aglomeração de pessoas cobre totalmente o local da queda do estudante e não revela o que realmente aconteceu.

A câmera da saída mostra Guilherme entrando no bar, carregado por dois seguranças, seguidos de um funcionário da casa. O jovem é deixado numa escada, encostado na parede, onde fica em pé por três minutos. O delegado diz que Guilherme fica mexendo e analisando os ferimentos, mas fica apoiado sobre a perna machucada. Em seguida, o dono do James chega, fica conversando com o estudante e entrega algo a ele, possivelmente uma garrafa com água. 14 minutos depois, chega o Siate. Imagens de um posto de combustíveis e de outros estabelecimentos comerciais próximos foram requisitadas. Mas nenhuma alcança o ponto onde ocorreu a suposta agressão.

Testemunhos

Familiares de Guilherme dizem que seguranças do bar agrediram o garoto. Já a defesa do James Bar afirma que Guilherme correu por não ter todo o dinheiro para pagar a conta, tropeçou sozinho na calçada e torceu o joelho na queda. Mesmo assim, garantem que o rapaz foi atendido pelos funcionários da casa, que até chamaramo Siate.

Já que as câmeras não filmaram nada que levasse à alguma conclusão, a polícia vai tentar encontrar a verdade através de oitivas. Além disto, o delegado também já solicitou o prontuário de atendimento do Siate, o prontuário médico dos hospitais onde o rapaz foi atendido e uma perícia médica em Guilherme, para constatar se os seus ferimentos foram decorrentes de uma queda ou de agressão. E caso constate-se a violência por parte dos seguranças, como ela ocorreu e se pode ter resultado na amputação da perna do jovem. Uma familiar do estudante explicou que, no sábado, foi constatado um quadro infeccioso grave que, em 24 horas, poderia levar o paciente à morte. Para evitar isto, os médicos partiram para a amputação.

Manifestação

Através da rede social Facebook, amigos de Guilherme criaram uma grupo de discussão e um evento, chamados “Segurança Sim, Agressão Não!”. O evento convida a todos a vestirem roupas brancas e participarem de uma passeata amanhã à noite, às 21h, a começar na esquina das Ruas Vicente Machado e Coronel Dulcídio, próximo ao local da agressão. Mas os amigos e familiares deixam claro que a manifestação não é contra o James Bar, mas para pedir um basta na violência.

Até o fechamento desta edição, quase 19 mil pessoas já tinham sido convidadas, pelo Facebook, para a passeata. Mais de 1.300 garantiram que vão comparecer.